Transcição de um vídeo do Canal ContraPoints (criado por Natalie Wynn) que discute principalmente o Feminismo Radical Trans-Excludente e seus argumentos.
Disponível originalmente neste link, com legendas em português.
Todos os direitos reservados a autora original.
No dia que “O Eunuco Feminino” foi publicado nos Estados Unidos, uma pessoa em roupas esvoaçantes correu até mim e agarrou minha mão. “Obrigada,” aquilo exalou roucamente “muito obrigada por tudo que você fez por nós garotas!” Eu sorri e concordei com a cabeça, e dei um passo pra trás, tentando desenroscar minha mão das enormes, patas ossudas e peludas, cheias de anéis que me agarravam. O rosto me encarando estava coberto de uma camada grossa de maquiagem, sob a qual a barba já estava GERMINANDO, em uma competição fútil com uma peruca artificial e luxuriante e dois pares de cílios postiços. Contra as costelas aparentes que podiam ser contadas através do fino vestido transpassado, balançava um emblema da liberação feminina de metal polido. Eu deveria ter dito, você é um homem. O Eunuco Feminino fez menos do que nada por você. Suma daqui.
Vamos lá, fêmeas humanas adultas. Antes de tudo, um lembrete que esse vídeo é um espaço apenas para mulheres. Então se tem qualquer homem aqui hoje, saia daqui! Quer dizer, a não ser que você goste de assistir as coisas muito interessantes que mulheres fazem sozinhas, nesse caso, dê like, comente, se inscreva! Olha, é 2019, eu acho que a maioria das pessoas já ouviu falar sobre TERFs, Feministas Radicais Trans-Excludentes. Sabe, essas fanáticas como Germaine Greer que chamam mulheres trans de “isso” e acham que homens trans são irmãs lésbicas perdidas. Vocês sabem dos homens trans, certo? Masculino-para-feminino não é o único tipo de pessoa transgênero. Também há pessoas que nasceram, quer dizer, pessoas que foram designadas. Pessoas que sempre foram. Pessoas que se identificam. TERFs não gostam de ser chamadas de TERFs, elas acham que é um termo depreciativo, e… ele é. Elas se chamam de feministas radicais, RadFems ou, ultimamente, críticas-ao-gênero.
A ideia é que gênero: feminilidade, masculinidade, papéis de gênero, tudo isso, é uma construção patriarcal e sexo biológico é a única coisa que torna alguém homem ou mulher. No passado, nesse canal, eu sempre fiz uma caricatura de TERFs como raivosas intolerantes que odeiam homens, e cuja única tática é acusar mulheres trans de serem homens pervertidos. E definitivamente tem pessoas que são assim mesmo, mas eu quero ser justa, eu quero ser equilibrada então, em preparação para fazer este vídeo, Eu postei um convite no Twitter pedindo às pessoas que costumavam ser feministas críticas-ao-gênero que compartilhassem suas histórias comigo. E eu recebi centenas de respostas, muitas delas de mulheres que tiveram experiências traumáticas com homens e que, em algum momento, encontraram conforto em uma visão rígida de gênero em que mulheres e homens são espécies completamente separadas, em que as mulheres são seguras e os homens são perigosos. E para muitas dessas mulheres, permitir pessoas trans em sua percepção do mundo, a princípio, desafiava sua sensação de estabilidade e conforto. Era um trabalho emocional difícil, trabalho que elas precisavam fazer, mas ainda assim difícil. E isso faz todo o sentido para mim, tipo, é muito fácil pra mim entender por que alguém se sentiria assim. Então não são apenas preconceituosos malvados que são atraídos pela visão de mundo crítica-ao-gênero.
E neste vídeo, eu não quero apenas fazer paródia das TERFs. Desta vez, quero realmente me engajar com ideias críticas-ao-gênero na arena pública de liberdade de expressão, comunicação aberta, diálogo, conversação, debate, mercado de ideias, discurso de expressões.
Talvez eu até entre em contato com a minha RadFem interna. Ela é um pouco tímida, claro, mas ela está aqui e não é queer, lê muito Germaine Greer. E quando eu estou tendo uma noite escura para a alma, querida, ela se sente eXXtra biológica e quando a lua cheia brilha ela fala.
Uhh, isso é agonizante. Eu sou uma mulher biológica presa no corpo de um homem narcisista. Já pensou? Ok, então ela tem uns parafusos a menos, claro, mas ela não é preconceituosa, sabe? Tenho certeza que ela não odeia pessoas trans, ela só tem algumas… preocupações.
Tipo, é como se você não tivesse mais permissão para fazer perguntas ou então você é acusada de transfobia. Esperam que a gente simplesmente aceite essa ideologia de gênero que nós, o público, nunca tivemos a chance de debater. Nós não votamos pela ortodoxia trans, mas cá estamos, permitindo pessoas que são biologicamente homens correrem desenfreadas por espaços para mulheres, forçando seus pênis em lésbicas, e doutrinando nossos filhos com o dogma ridículo de que garotas podem se tornar garotos com uma mudança de roupa. Oh, isso abala meus cromossomos!
Ela fica falando essas coisas por horas. É como estar presa no fundo de um poço de elevador com o fantasma de Anita Bryant. Vocês, crianças, sabem quem é Anita Bryant? Você tem idéia de por quantas décadas eu lutei pelos seus direitos? Espere, Anita Bryant está morta? Os acadêmicos permanecem divididos. Parece que está ficando mais difícil ter conversas sobre assuntos difíceis. Sabe, nossos filhos estão amadurecendo neste pesadelo orwelliano onde você pode enfrentar consequências por simplesmente ter uma opinião politicamente incorreta sobre “a questão judaica”. É o politicamente correto desenfreado, é uma Hanucatástrofe! Deboche problemático à parte, o discurso atual sobre as questões transgênero é uma explosão de esgoto não tratado. Nós temos políticos de extrema direita ameaçando-nos com discriminação legal e apagamento, nós temos o cultivo de medo e hostilidade na imprensa e isso, somado com altas taxas de rejeição familiar e maus-tratos, coloca pessoas trans na defensiva. Então, em público, nós tendemos a ficar juntos, não conceder nada, e nos proteger atrás de slogans simples e inequívocos.
Mulheres trans são mulheres. O que é verdade, nós somos mulheres. Mas — esse “mas” soou sinistro, cuidado com isso. O que acontece é que as pessoas que realmente não entendem as questões trans, em outras palavras, a maioria das pessoas, tem muitas perguntas sem resposta sobre os detalhes. E, em particular, pessoas que estão familiarizadas com a teoria feminista, mas não feminismo trans, podem se perguntar coisas como como você pode ser uma mulher sem as experiências de opressão da mulheridade? Por que você não pode ser apenas um homem feminino, em vez de ficar igualando a feminilidade a estereótipos machistas? Por que ideólogos de gênero misóginos estão apagando o vocabulário necessário para discutir a opressão feminina?
Pessoas trans não gostam de se envolver com essas questões porque na maior parte do tempo eles são apenas usadas como armas contra nós. Sabe, é como quando um homem pergunta “se a sociedade é tão machista contra as mulheres, então porque é que os homens são 97% das mortes em combate, feminazis?” Tipo, você poderia ficar lá por três horas tentando fazer uma refutação feminista com nuances, mas você não preferiria simplesmente comer uma tigela de tachinhas?
Porque, nove a cada dez vezes, esse cara tá pouco se fudendo pra mortes em combate, ele está apenas trollando você para acabar com qualquer assunto real que você estava frisando. E o mesmo acontece com as pessoas me dizendo “você claramente gosta de usar unhas e maquiagem, isso é tudo que você pensa que faz uma mulher? Você poderia definir mulheridade para mim?” Tipo, elas não se importam de verdade, elas só estão tentando fazer minha vida pior por 20 minutos. Mas se você realmente está se perguntando, sinceramente, sobre a resposta a essas perguntas de troll e muitas pessoas estão, então você realmente precisa de respostas complicadas e cheias de nuances. E é por isso que elas fazem boas perguntas de trollagem: porque eles desperdiçam muito tempo seu.
Neste vídeo, eu quero receber verdadeiramente as questões e preocupações associadas com a hostilidade crítica-de-gênero contra pessoas trans e eu quero tentar dar respostas com nuances, em vez de dogmáticas. Agora, o problema de responder com nuances é que é difícil, então é possível que eu fale merda. E muitas pessoas trans querem que eu as represente de forma absolutamente perfeita, então se eu falar merda, bem, só me arrastem no Twitter como vocês sempre fazem, seus pequenos merdas, eu amo vocês!
Vamos assistir a um vídeo instrucional para aprender mais.
– Pode um homem ser tão glamouroso quanto uma mulher? Nós temos 13 lindas mulheres no nosso show hoje, porém a pegadinha é que algumas delas na verdade são homens. – Oops, canal errado.
PREOCUPAÇÃO UM: METAFÍSICA DE GÊNERO
Não existe isso de homem preso no corpo de uma mulher. Não há cérebro rosa e cérebro azul. Só porque você quer ser mulher não significa que você é uma. Todo este dogma sagrado de identidade de gênero não faz sentido.
Pessoas trans costumam usar linguagem metafórica para descrever sentimentos que são difícil de colocar em palavras e é assim que eu entendo a expressão “preso no corpo errado” Existe literalmente algo como uma alma masculina presa em um corpo feminino ou vice-versa? Eu pessoalmente não acredito que exista, mas sou um pouco tendenciosa, eu vendi minha alma para um empresário sudanês e tudo que recebi em troca foi esse hábito de merda com cetamina.
Quanto aos cérebros, existe algumas evidências sugerindo uma correlação entre identidade transgênero binária e anatomia cerebral entre os sexos, mas essa evidência realmente não justifica alegações sobre cérebros femininos em corpos masculinos ou qualquer coisa do tipo. Diferenças cerebrais entre homens e mulheres são médias estatísticas de coisas como a densidade de matéria cinza e branca, e não, como o termo cérebro feminino implica, estruturas anatômicas distintas, como são os pênis e as vaginas.
Então, pessoalmente, eu não acredito em qualquer metafísica de gênero. Eu sou uma pessoa trans um pouco inortodoxa – um beijo pro dogma inquestionável do culto trans – porque eu penso sobre mim mesma como uma mulher que costumava ser um homem, ao invés de sempre ter sido sempre uma mulher. Mas é importante lembrar que embora eu não me encaixe no perfil típico, Eu não sou real e não sou válida. Mas em todo caso, eu vivo como uma mulher agora, e isso é meio que o que está acontecendo você gostando ou não, então eu não sinto muito?
Minha visão é bem expressada por Catherine MacKinnon. “Eu sempre achei que não me importo como alguém torna-se mulher ou homem; isso não importa para mim. Qualquer um que se identifique como uma mulher, quer ser uma mulher anda por aí sendo uma mulher, para mim, é uma mulher.”
PREOCUPAÇÃO DOIS: ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO
O que você quer dizer com viver como uma mulher? Você quer dizer que você reforça estereótipos de gênero opressivos colocando maquiagem, unhas, e usando uma voz falsa de menininha.
Ouça, querida, primeiramente, minha voz de menininha é real pra c*ralho. Segundamente, minhas roupas, maquiagem, voz, nada disso me torna uma mulher. Nenhuma mulher trans pensa que feminilidade e ser mulher são a mesma coisa. Em vez disso, estamos usando uma linguagem cultural de sinalizadores femininos para induzir os outros a nos ver pelo que somos.
Às vezes fico com a impressão que minhas amigas cis realmente não entendem por que eu me apresento de um jeito tão meticulosamente feminino, tipo, elas pensam que eu estou usando lábios ombré às 11 da manhã porque estou jogando algum tipo de jogo por influência o que, eu estou, mas também se uma pessoa me chamar de “senhor” isso vai arruinar o meu dia, então estou desesperadamente jogando espaguete glitterizado na parede na esperança de que a luz reflita um vislumbre de feminilidade.
Eu acho que mulheres cis que não são femininas às vezes olham torto para mulheres trans hiper-femininas porque elas não se identificam nem um pouco com esta visão de feminilidade e elas tiveram que lutar desde a infância contra uma sociedade que as contou que elas têm que ser femininas. E eu compreendo isso completamente. Eu acho que deveria haver mais liberdade de gênero, menos coerção, menos restrição. Mas também, eu tive que lutar contra a mesma sociedade que me disse que eu realmente, realmente, não deveria ser isto, então, eu sinto que deveríamos ser capazes de formar algum tipo de solidariedade aqui.
PREOCUPAÇÃO TRÊS: ABOLIR GÊNERO
Mas você deveria estar indo além das construções patriarcais de masculinidade e feminilidade, não se conformando a elas. O feminismo de verdade visa abolir gênero, não reforçá-lo.
Abolir os gêneros? Bem, isso soa como um projeto ambicioso para uma única transexual, mas eu posso tentar (estalar de dedos).
Abençoado seja Solanus Sem unhas, sem maquiagem. Estou usando um robe unissex lindíssimo. Eu consegui pessoal, eu aboli o gênero. Bem, eu acho que cabelo comprido ainda é um sinalizador de gênero, então eu provavelmente deveria me livrar disso. (soar de gongo) Como ela está? Ela está se sentindo um pouco sem gênero. Eu acho que a maneira que eu posiciono meu corpo ainda é um sinalizador e minha voz ainda tem uma cadência que sinaliza gênero. Então o que eu vou fazer é apenas segurar minhas mãos de forma livre de gênero e falar com uma voz de robô agênero. Meu nome é 5466417. Eu não tenho gênero. O patriarcado acabou. Eu acho que o inglês ainda é uma linguagem patriarcal, certo? Então eu provavelmente deveria estar se comunicando com uma série de sons livres de gênero. (imitando robô) Eu não aguento isso, foda-se.
Olha, talvez abolir gênero seja uma boa ideia, tipo, não seria melhor se seus genitais quando você nasce não determinassem que tipo de vida que você pode viver? Mas esse é um projeto utópico, que requer mudança sistêmica maciça, tipo o de abolir fronteiras. Seu sonho utópico ilusório é válido! E negar a identidade de gênero de pessoas trans por causa da “abolição de gênero” é tipo negar cidadania a imigrantes por acreditar em “abolir as fronteiras”.
Tipo, você está perseguindo as pessoas que são as mais vulneráveis sob o sistema atual e usando esse sistema contra elas sob a pretensão de aboli-lo. Sabe, você não vê feministas críticas-ao-gênero nos comentários do instagram da Kim Kardashian, tipo, “por que você está vestindo um vestido Kim, sua misógina nojenta? Você deveria estar abolindo gênero, não reforçando estereótipos criados para oprimir as mulheres.” Não, elas não atacam a expressão de gênero de pessoas com poder e influência. Elas estão todas no twitter, assediando alguma pobre menina trans que saiu do armário recentemente e tem 200 seguidores e chamando-a de “homem nojento” e zombando dela por ser feminina errado, ou ser feminina demais, ou não ser feminina o suficiente.
É quase como se, quando elas falam em abolir gênero, o que elas realmente querem dizer é abolir as pessoas trans. É quase como se isso fosse um movimento de ódio escondendo-se atrás de um punhado de trivialidades pseudo-feministas. Mas certamente, eu devo estar deixando passar alguma coisa.
PREOCUPAÇÃO QUATRO: PRIVILÉGIO MASCULINO
É absolutamente típico do privilégio masculino você achar que pode reivindicar a mulheridade pra si sem viver qualquer um dos sofrimentos que isso implica.
Olha, sou uma mulher trans bem sucedida, branca e de classe média. No grande esquema das coisas, eu não sou muito oprimida. Eu posso não ser o 1%, mas eu sou o 1% das travecos.Então eu não gosto de reclamar sobre cada pequena microagressão pela qual eu passo porque, nessas circunstâncias, parece apenas um pouco deselegante. E eu não gosto de coisas que são deselegantes. Mas feministas cis da minha raça e classe já me disseram que eu não tenho ideia como é querer falar e ser interrompida por homens. – [Homem] Na verdade, Kropotkin. – Ou experimentar assédio nas ruas ou ter que tratar cada primeiro encontro como uma situação que potencialmente bota minha vida em risco e é apenas bizarro pra mim que elas pensem isso.
Tipo, o que você acha que minha experiência no mundo é? Você acha que os homens me tratam como igual? Você acha que os assediadores de rua vão me tratar com dignidade e respeito porque eu tenho um cromossomo Y? Ei linda, onde você vai baby? Aonde você vai? Ah, é um traveco. Com licença, senhor, erro meu. Por favor, prossiga livremente para o seu destino. Qualé gente, usem suas cabeças. Quando você tem Germaine Greer chamando mulheres trans de “isso” o que você acha que o cara nos degraus da loja de bebidas vão dizer?
Quando uma mulher trans não é “passável” não é como se a sociedade simplesmente a tratasse como um homem. Não, você é tratada como gênero-monstro, com pronomes “isso” e “cuspe” e privilégio masculino não é uma boa descrição dessa experiência. Depois de começar a ser lida como mulher, é realmente um passo pra frente, mesmo que as mulheres sejam tratadas mal, porque ainda é melhor ser “ela” do que “isso”
Agora, feministas críticas de gênero são realmente céticas de toda a noção de passabilidade. Eles acham que podem sempre notar uma pessoa trans e elas assumem que todos os outros também podem. Mas isso simplesmente não é a realidade. Quer dizer, eu estou apenas há um ano e meio na minha transição e até agora, eu tive zero cirurgias e faz, tipo, seis meses desde que erraram meu gênero offline. Quero dizer, uma pessoa com um bom olho para isso provavelmente vai me notar e talvez muitas pessoas só tenham sido doutrinadas pela ideologia de gênero politicamente correta, mas tipo, você realmente pensa que o atendente do posto de gasolina e as manicures e o cara do aquecedor do encanamento estão todos me chamando de “senhora” e “senhorita” por causa do pós-modernismo?
Eu sei que alguns de vocês vão sair de fininho para os seus pequenos fóruns RadFem de merda e obcecar sobre o quão masculina e não-passável eu sou mas, tipo, no fim do dia, em quem eu vou acreditar as postagens de ódio perturbadas de 25 anônimos espumando de raiva ou todas as interações sociais que eu tive por meses? Eu sinto muito por você não poder lidar com o fato de que eu sou peixe natural. Eu sou atum ahi e você é sardinha, querida. Tome um gole, meus amores.
PREOCUPAÇÃO CINCO: SOCIALIZAÇÃO MASCULINA
Então você teve uma criação masculina, você nunca experimentou os traumas de meninas, você se beneficiou do privilégio masculino por décadas, e agora você acha que nada disso importa? Você é quem você é por causa de como você foi socializada não por causa de como você se veste.
Tudo bem, é hora de abrir as nuances. Então, por um lado, você está parcialmente certa. Eu não tenho ideia do que é ser assediada na rua como uma menina de nove anos ou o que isso faz com a mente de uma criança. Esse tipo de coisa não começou a acontecer comigo até eu ser adulta, quando eu sabia no que estava entrando e estava pronta para isso. Isso é muito diferente do que as mulheres cis passam. Minha criação e adolescência têm mais em comum com a de um homem típico do que a de uma mulher típica e muitas das experiências daqueles dias eu simplesmente não consigo racionalizar como experiências femininas.
Eu absolutamente me beneficiei do privilégio masculino e isso influenciou quem eu era e quem eu era no final da adolescência e no início dos 20 anos era uma anti-feminista de merda que não tinha ideia o que as mulheres passam, e eu me sinto envergonhada e sozinha em admitir isso.
Porque no discurso trans, é apenas aceito como óbvio que homens trans sabem o que é ser criado como mulher e ser influenciado por aquelas experiências femininas formativas, mas quando se trata das experiências iniciais da vida de mulheres trans, é esperado que digamos, “Quando eu tinha cinco anos de idade, eu adorava usar os saltos altos da minha mãe” ou então não dizer nada. Tem aquela maravilhosa citação da Sylvia Plath em que ela descreve como a maneira de viver de uma mulher sufoca um espírito aventureiro e seu desejo por uma experiência masculina.
“Sim, o desejo que me consome é o de se misturar com equipes de estrada, marinheiros e soldados, frequentadores de bar para fazer parte de uma cena, anônima, ouvindo, gravando. tudo isso é estragado pelo fato de eu ser uma garota, uma fêmea sempre supostamente em perigo de assédio e violência. Esse interesse que me consume em homens e suas vida é frequentemente mal interpretado como um desejo de seduzi-los ou como um convite à intimidade. Sim, Deus, eu quero falar com todo mundo o mais profundamente que posso. Eu quero ser capaz de dormir em um campo aberto, viajar para o oeste, andar livremente à noite.”
Então, eu pude fazer tudo isso em meus 20 e poucos anos e o que eu descobri é que eu odeio dormir em campos abertos, eu desprezo o oeste, e eu realmente prefiro ficar em casa colecionando cerâmicas e chupando pau.
Agora, eu não estou dizendo que isso me faz uma mulher e eu não estou dizendo que a Sylvia Plath é um homem só porque ela queria virar brejas com equipes de estrada por razões que são inconcebíveis para mim. O que estou dizendo é que quando eu atingi meus 20 e poucos anos e percebi que eu estava habitando um gênero, corpo, e persona sexual que eram drasticamente errados para mim. E eu tentei todas as alternativas possíveis à transição antes de perceber que eu tinha uma necessidade irreprimível de me tornar uma mulher. Então eu mudei. E quando eu mudei, a sociedade mudou seu tratamento de mim.
A socialização não termina com a infância, é um processo vitalício. Por exemplo, quando transicionei, meus amigos, família, fãs inimigos, stalkers e as haters radfems começaram a comentar sobre a minha aparência física com cerca de 20 a 30 vezes mais frequência e eu tive que me acostumar com isso sendo algo que importa muito mais. Tendo dito isso, a ressocialização leva tempo, e às vezes, pessoas trans no início da transição tem a maior parte desse processo à frente delas. Eu também acho que temos que levar em consideração a idade em que uma pessoa transiciona. Kim Petras, quem nós adoramos. Ela fez a transição enquanto criança e imagino que foi socializada mais ou menos igual a uma mulher cis. Enquanto que Caitlyn Jenner, quem… bem, apenas quem, fez milhões de dólares em esportes masculinos, teve seis filhos com três esposas, transicionou na aposentadoria aos 65 anos, e disse ao Buzzfeed que a parte mais difícil de ser mulher é decidir o que vestir.
Esta é a única mulher trans que a maioria das pessoas já ouviu falar. Isso me faz querer chorar. Tipo, eu não estou dizendo Caitlyn Jenner não é mulher, mas estou dizendo que qualquer um que quer argumentar que privilégio masculino não moldou a perspectiva dela, não tem uma boa base argumentativa na qual se apoiar. Mas também, mulheres trans muitas vezes não experimentam socialização masculina do jeito que os homens cis fazem.
Muitas mulheres trans são femininas e queer antes de transicionarem, e basicamente sempre experimentaram uma rejeição à sua feminilidade que tem raízes na misoginia. Algumas mulheres trans também se identificavam como mulheres anos antes da transição e internalizaram mais mensagens sociais sobre mulheres do que mensagens sociais sobre homens. Agora, isso ainda não é o o mesmo que viver em sociedade como uma garota desde o nascimento, mas também é bem diferente da socialização de homens cis masculinos.
Eu acho que a razão de algumas mulheres trans sentirem a necessidade de argumentar que mulheres trans nunca experimentaram privilégio masculino é que muitas TERFs usam privilégios masculinos como um atalho para nos chamar de homens. Fecha o zíper, o seu privilégio masculino está aparecendo.
Eu suspeito que a razão disso ser um argumento tão importante para tantas feministas críticas-ao-gênero é que há um elemento aqui de valor roubado, essa sensação de injustiça de que há pessoas reivindicando sua identidade sem ter experimentando sua opressão. Isso me lembra daquilo que, na comunidade trans são chamados transmedicalistas, pessoas que insistem que as únicas pessoas trans de verdade são aquelas que experimentam disforia agonizante. Em ambos os casos, existe a noção de que o essencial que confirma sua identidade é dor. Ser trans é desprezar seu corpo, ser mulher é ser brutalizada pelos homens.
Você não sofreu como eu sofri. Você não sabe como é!
Sabe, eu estou tentada a revidar dizendo que você não sabe o que é ocupar uma identidade tão estigmatizada que a maioria das pessoas que são atraídas por você em particular tem vergonha de admitir isso em público. Você não sabe como é ter um corpo tão não-normativo que você está excluída de áreas inteiras da sociedade. Eu poderia continuar, mas esse concurso de “A Próxima Maior Vítima da América” não faz nada além de provocar lutas internas entre mulheres trans e mulheres cis num momento em que deveríamos estar marchando lado a lado para destruir videogames para sempre. #SimTodosOsGamers
PREOCUPAÇÃO SEIS: OPRESSÃO REPRODUTIVA
Você não sabe o que é crescer sentindo vergonha das suas menstruações, temer a gravidez indesejada, ter que lutar por seu direito ao aborto, e suportar a dor do parto.
Bem, sim, isso é verdade. Minha RadFem interior balança em um suave samba vitorioso. Eu acho que é importante que mulheres trans tenham solidariedade com mulheres cis em questões como igualdade menstrual e direito ao aborto e aprender sobre as experiências de mulheres cis para formar um entendimento mais completo da condição feminina.
Mas claro, nenhuma mulher experimenta individualmente todas as coisas que as mulheres experimentam e as mulheres diferentes entendem o significado do que é ser mulher de formas drasticamente diferentes. Para algumas mulheres, ter filhos é a experiência mais essencialmente feminina. Para outras, talvez seja ter um aborto. Quero dizer, na verdade não, mas você sabe, TERFs fingem que sim pra refutar as trav*cos.
Para mim, é receber e-mails de 12 parágrafos, na minha caixa de entrada de negócios, de homens casados lutando com a crise existencial de algum tipo de despertar sexual sobre travestilidade “Além disso, você quer ser uma convidada no meu podcast, Rádio da liberdade de expressão?” Mas também nem todas as mulheres experimentam sua feminilidade como essencialmente opressiva ou centrada em torno das dores da capacidade reprodutiva. Quando Shania Twain cantou “Cara! Eu me sinto como uma mulher!” ela não estava falando sobre ter um aborto de cabide no banheiro de uma estação de ônibus em Chattanooga. Cara, eu me sinto um lixo. (“Cara! me sinto como uma mulher!”)
PREOCUPAÇÃO SETE: APAGANDO O VOCABULÁRIO FEMININO
Ativistas trans estão apagando o vocabulário necessário para discutir os corpos das mulheres e a opressão das mulheres. esperam que nós falemos sobre pessoas grávidas e menstruadores apenas para apaziguar os ideólogos de gênero. Bem, eu por exemplo não sou um menstruador, eu sou uma M-U-L-H-E-R com útero e eu não serei apagada.
Ok, se você ouviu os termos como menstruador ou pessoas grávidas e está pensando, “que caralhos de neologismo Orwelliano gênero-cuck é isso,” respire fundo, limpe sua mente, e toma a real.
Algumas organizações médicas recentemente começaram a usar o termo pessoas grávidas em vez de mulheres grávidas. E em 2016, a Planned Parenthood incluiu a palavra “menstruadores” em um tweet sobre a revogação de um imposto sobre o absorvente interno. Isso levou algumas publicações de conservadores, de TERFs, e cristãos a postar comentários em pânico avisando que todo conceito de feminilidade está sendo apagado.
Mas, na verdade, linguagem médica que assume que todo mundo com um útero é uma mulher apaga homens trans e pessoas não-binárias que menstruam e engravidam. Então, dizer mulheres grávidas neste contexto os apaga, enquanto dizer pessoas grávidas inclui eles. E mulheres cis e não apaga ninguém, exceto Cincinnatianos porque todos nós sabemos que eles não são pessoas. Tome o seu chili de merda em outro lugar.
Eu sou uma mulher, não um maldito menstruador! Que tipo de loucura misógina é essa? reduzir as mulheres à sua capacidade de sangrar?
Eu concordo com você. A palavra menstruador soa bem desumanizante. E os homens trans com que eu conversei sobre isso não são os maiores fãs dela também. Às vezes demora um pouco para encontrar uma linguagem que é tanto inclusiva e utilizável, e minha previsão é que menstruadores é uma que não vai dar certo. Talvez “pessoas que menstruam”?
Mas por que eu não posso apenas dizer mulher, isso é o que eu sou!
Você pode apenas dizer mulher! Isso é o que você é! Ninguém está pedindo que você pare de se referir a si mesma como uma mulher. Linguagem médica institucional é projetada para ser inclusiva e, portanto, impessoal. Ninguém está propondo que nós paremos de chamar mulheres específicas de mulheres grávidas ou mães em gestação.
Sua misoginia óbvia está exposta. Eu noto que é só anatomia feminina que você está tentando apagar. Eu noto que você não está sugerindo que médicos comecem a dizer “pessoas com próstatas”
Oh, eu definitivamente estou sugerindo isso.
Mas ativistas trans estão invadindo espaços feministas e dizendo às mulheres que não podemos discutir nossos próprios corpos.
Não tenho problema com feministas cis discutindo ou celebrando menstruações ou usando chapéus de buceta em marchas políticas ou sangrando livremente por todo o shopping nacional. Quero dizer, alguém tem que fazer isso. O shopping nacional não vai sangrar em si mesmo. Eu entendo totalmente porque feministas cis gostariam de celebrar suas anatomias reprodutivas em desafio a uma sociedade que rotineiramente as envergonha e subjuga por isso. O problema surge apenas quando a menstruação ou anatomia reprodutiva são usadas para tratar homens trans como mulheres ou excluir quem não sangra. Quero dizer, as mulheres trans sangram mas apenas quando nos cortamos.
♪ Ninguém sabe como é ser uma trans triste ♪
PREOCUPAÇÃO OITO: TERF É UMA INJÚRIA PRECONCEITUOSA
TERF é uma injúria criada para silenciar as mulheres. Não, é discurso de ódio projetado para incitar violência contra as mulheres.
A palavra TERF é um termo pejorativo para uma pessoa que disfarça transfobia com feminismo radical, mas não é uma injúria. Uma injúria preconceituosa é um termo que tem como alvo a raça religião, gênero ou sexualidade de alguém. A palavra misógino é pejorativa. Tem apenas conotações negativas e é frequentemente usada como insulto, mas não é preconceituosa. Destina-se a comportamento e crenças intolerantes, não a um tipo de pessoa.
O mesmo vale para a palavra TERF. É um termo depreciativo para crenças e comportamentos que merecem ser derrogados. A frase “crítica-ao-gênero” é realmente um eufemismo recentemente criado para substituir o termo TERF com uma frase que não tem tais conotações negativas. É perfeitamente análogo a frase “realista de raça”, que foi inventada por racistas querendo uma descrição mais lisonjeira e respeitável de suas crenças.
Eu usei o termo crítica-ao-gênero neste vídeo para ser convidativa para quem está em cima do muro, mas eu me recuso a cooperar com racistas que querem que eu use seus eufemismos, e eu geralmente faço o mesmo com as TERFs. Olha, eu sou uma pessoa muito disposta e não-confrontacional. Eu costumo gostar de chamar as pessoas do que elas querem ser chamadas.
Mas quando se trata de realista de raça ou crítica-ao-gênero, toda vez que eu uso essas frases, eu estou essencialmente me tornando cúmplice em seu esquema para legitimar preconceito. E eu tenho especialmente pouca paciência para solicitações de TERF para decoro linguístico, já que a maioria da linguagem usada por TERFs é escolhida especificamente para ser a mais nociva, prejudicial, e insultante para pessoas trans possível.
Por exemplo, as TERFs chamam qualquer e toda cirurgia relacionada a transgeneridade como mutilação. Elas chamam mulheres trans de TIMs, um acrônimo em inglês para “machos trans-identificados” e homens trans TIFs, “fêmeas trans-identificadas”, obviamente com a intenção de escárnio e errar o gênero da pessoa.
Só para te dar uma amostra da prosa típica das TERFs, aqui estão alguns comentários literalmente do primeiro segmento que eu vi no subreddit crítico de gênero enquanto eu estava trabalhando neste vídeo.
[Mulher] E eu tenho que admitir que tenho consideravelmente mais desprezo para os do tipo do (censurado) desde que ele decidiu começar a tirar selfies com expressões faciais ridículas insultantes para mulheres. Eu também dou uma boa risada de TIMs colocando as mãos no queixo. Eles estão tentando parecer delicados e esconder o seus pomos de adão, mas isso só atrai mais atenção para as suas mãos enormes de homem. Eu vi uma sessão de fotos AGP onde este neandertal nos seus 50 anos estava posando com uma perna pra cima tipo um flamingo, suas mãos delicadamente em sua orelha. Em cada foto, até mesmo em grupos em eventos. Eu estava simplesmente com nojo.
Então aí está. É disso que isso se trata. Neste vídeo, eu passei por uma lista de preocupações críticas-ao-gênero e eu forneci respostas que espero que a pessoa média vá achar justas. Mas eu estaria mentindo para você por omissão se eu fosse terminar este vídeo sem ser sincera com você em relação ao que o núcleo do movimento crítico de gênero é sobre de verdade.
O que as TERFs fazem em público é avançar o que na superfície são uma série de críticas feministas contra pessoas trans. Por exemplo, a crítica que mulheres trans hiper-femininas estão reforçando estereótipos misóginos criados para oprimir as mulheres. De relance, isso aparece ser uma crítica da maneira que algumas mulheres trans se comportam e se apresentam. Mas no próximo momento, essas mesmas TERFs vão argumentar que as mulheres trans são masculinas, pervertidas não-femininas que estão forçando a masculinidade nos espaços femininos.
Então, se mulheres trans sendo femininas é ruim e mulheres trans sendo masculinas é ruim, então realmente não existe jeito nenhuma que uma mulher trans poderia se comportar que TERFs aceitariam. Então, na verdade, o que as TERFs realmente opõem não é mulheres trans sendo femininas ou mulheres trans sendo masculinas, mas mulheres trans sendo mulheres trans.
Em outras palavras, a questão fundamental por trás de todas essas falsas preocupações é transfobia, simples animosidade contra a mera existência de pessoas trans. E é muito fácil reconhecer isso apenas pelo tom que elas usam quando falam de nós. Quando você lê o subreddit crítico-ao-gênero, ou o twitter TERF, o que você vê é apenas o manto mais frágil de lugar-comum feminista grampeado sobre um emaranhado de espinhos de aversão visceral e ódio direcionado.
A pura malícia exuberante disso tudo nem é disfarçada na citação de Germaine Greer da abertura deste vídeo ou no típico fórum crítico-ao-gênero.
“A pata enorme, ossuda e cabeluda, cheia de anéis a maquiagem pesada através da qual a barba já estava brotando, este neandertal nos seus 50 anos, expressões faciais ridículas, insultantes para as mulheres. Eu estava simplesmente com nojo.”
O que o feminismo crítico de gênero realmente é no fim do dia é um palácio barroco de racionalizações construído sobre uma base de puro nojo. Neste respeito, é igualzinho a homofobia. Sabe, eu cresci quando o casamento gay foi o debate social mais controverso e os argumentos que as pessoas faziam, que o casamento estava sob ataque, que as crianças ficariam traumatizadas, que a bestialidade viria em seguida, que esta pequena minoria estava minando todas as nossas instituições com suas demandas ultrajantes, nada disso fazia sentido.
Se você embebedar um conservador, como eu costumava conseguir fazer, Sylvia, eu queria poder te mostrar o que eu obtinha, ele apenas deixava escapar a verdade, que era que ver dois homens adultos travando os lábios fazia com que ele sentisse vontade de vomitar.
Homofobia e transfobia não originam no córtex frontal. Elas vêm do cérebro de lagarto, a resposta a repugnância que evoluímos para lidar com sangue, infecção, vômito, fezes, moscas, a pata peluda, a barba brotando através da maquiagem pesada, bleh! É um nojo que posso reconhecer de longe porque é o mesmo nojo que eu senti em relação a mim por anos. É o desgosto que senti quando eu notei que uma mulher era trans no metrô em Chicago há cinco anos e decidi naquele momento abandonar minha primeira tentativa de transição. É o nojo com que ainda luto contra todos os dias. É o nojo que está sempre por trás da transfobia porque a transfobia é sempre a mesma. Vem sempre do mesmo lugar e é sempre expressa das mesmas maneiras.
Recentemente reassisti esse vídeo viral clássico de um antigo episódio de Cops onde um policial humilha uma mulher trans nativo-americana chamada Stephanie Yellowhair. O policial com sede de poder exige ver sua identidade, erra o gênero dela, refere-se a ela pelo seu nome morto, zomba de suas roupas e maquiagem, e chama ela de crossdresser. É tudo tão repetitivo e familiar. É o mesmo arsenal de sadismo mesquinho você vê na imprensa de direita, no 4chan, em fóruns de exposição, no Reddit crítico-ao-gênero, é tudo igual.
O que todos se lembram sobre Stephanie Yellowhair é sua perspicácia inquebrável e confiança diante do abuso transfóbico. O momento mais icônico é quando, depois de ser pressionada na parte de trás do carro da polícia em meio a uma enxurrada de uso de nome morto e erro proposital de gênero, ela olha de volta para o policial e diz. – Desculpe minha beleza. – [Policial] Desculpe sua beleza, tá bom.
E isso, ali mesmo, é a principal maior qualidade da cultura transfeminina, a resiliência das mulheres trans, a tomada de uma postura régia mesmo nas condições mais abjetas. E isso é tudo que você pode fazer porque simplesmente não há como racionalizar um transfóbico para fora do fanatismo.
Então, para qualquer feminista crítica-ao-gênero obstinada ainda assistindo isso, o que mais eu posso dizer exceto, em nome das mulheres trans, desculpe minha beleza, TERF.