Originalmente publicado no site da Anistia Internacional UK.
Tradução por Andrey Santiago.
Para acabar com a mutilação genital feminina (MGF) e o casamento precoce e forçado, estamos fazendo parceria com algumas organizações de base incríveis em comunidades de Burkina Faso, Serra Leoa e Senegal. E muitas vezes são mulheres fortes, muitas das quais experimentaram pessoalmente esses problemas, que lideram a luta e desafiam bravamente o status quo.
Adama Sawadogo
Adama trabalha para a Association Feminine pour le Development du Burkina (AFDEB), que promove os direitos sociais e econômicos de mulheres e meninas em comunidades rurais remotas em Burkina Faso.
No início de 2018 ela adotou Fatimata, uma menina de 15 anos que foi encontrada sozinha, chorando debaixo de uma árvore. Fátima estava sendo forçada a se casar por seus tios, mas fugiu depois de ter sido sequestrada na escola e levada para a família de seu futuro marido.
Adotar Fatimata foi uma decisão fácil para Adama porque as experiências da adolescente ecoaram de perto as dela.
“Fui forçada a me casar quando tinha 19 anos. Fui sequestrada pela família do meu marido e não tive escolha sobre o casamento. Todos os dias a família dele me batia, então eu fugia e voltava para a minha família. Mas eles continuaram me mandando de volta para o meu marido, e as surras ficavam piores… Até os animais eram tratados melhor do que eu naquela época.”
Em desespero, Adama caminhou 75 km até a capital, Ouagadougou, para escapar. Mas a família de seu marido a localizou e a espancou tanto que a polícia se envolveu e a levou ao hospital. Este foi um ponto de virada para a família de Adama – eles perceberam que a vida dela estava em risco e finalmente acabaram com o casamento.
“Pelo que passei, queria fazer parte dessa organização comprometida em mudar a cultura e erradicar essas práticas.”
Bibata Ouedraogo
Bibata Ouedraogo é o Presidente da AFDEB. Embora a MGF e o casamento precoce e forçado sejam agora proibidos em Burkina Faso, as atitudes da sociedade demoraram a se recuperar. As taxas dessas práticas cruéis permanecem entre as mais altas do mundo. Organizações lideradas por mulheres como a AFDEB são uma força motriz na mudança dessas atitudes.
“As mulheres não sabem sobre seus direitos ou mesmo que têm direitos. Eles acham que os homens estão sempre certos e tudo o que eles dizem que as mulheres devem seguir. Então, estamos tentando educá-los. Levantar-se. Este não é um problema apenas de Burkina Faso, mas de todo o mundo, então esta é nossa oportunidade de ajudar meninas e mulheres a se fortalecerem.”
Bibata Ganemtore Nabaloum
Bibata Ganemtore Nabaloum lidera a Associação para a Promoção de Mulheres e Crianças (APFE) em Yato, norte de Burkina Faso. Ela diz que houve uma grande mudança desde que começamos a apoiar sua organização.
Para abordar as questões da MGF e do casamento precoce e forçado, Bibata e as suas colegas começam por falar com os líderes tradicionais ou religiosos das aldeias. Uma vez convencidos, a porta para o resto da comunidade pode ser destrancada. A APFE então trabalha com jovens, mulheres, estudantes e professores, educando-os sobre os perigos dessas práticas e estabelecendo “comitês de alerta” para detectar quando as meninas estão em risco.
“Educar as mulheres sobre seus direitos é importante. Uma vez que uma mulher conhece seus direitos, ela pode não apenas proteger a si mesma, mas também a outras mulheres e meninas. E ao fazer isso, vai tocar todas as comunidades e ajudar a mudar a nação como um todo.”
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