Alexandra Kollontai – A Conferência das Organizadoras Comunistas das Mulheres do Oriente

Trecho retirado da “La Conférence des Organisatrices-Communistes des Femmes de l’Orient”, em Alexandra Kollontaï, Les auteurs marxistes en langue française — MIA. 2 de junho de 1921.

Correções segundo o texto russo (en Избранные статьи и речи, 1972), que aponta a primeira data de publicação em 10 de abril de 1921 en Pravda.

Tradução e publicação original por Pátria Libre y Grande, disponível aqui.


Pela primeira vez, não somente na Rússia soviética mas também no mundo todo, se reúne uma Conferência de Mulheres Comunistas do Oriente e das organizadoras de mulheres trabalhadoras das repúblicas e territórios soviéticos muçulmanos. Esta conferência, convocada pelo Departamento Central [para o trabalho entre as mulheres do CC do PCR (b)] foi celebrada de 5 a 7 de abril. Nela se examinou a situação econômica e jurídica das mulheres do Oriente, a ação entre as mulheres artesãs, as formas e métodos de organização, a propaganda e a preparação da Primeira Conferência Pan-Russa de Operárias e Camponesas de Nacionalidades Orientais. No primeiro dia se apresentou um breve informe sobre a política geral.

Estavam presentes 45 organizadoras que trabalham entre as mulheres do Oriente e que representavam as seguintes repúblicas: Tartaria, Baskiria, Azerbaijão, Criméia, Quirguistão, as Montanhas do Cáucaso, Sibéria e várias províncias com população turca e muçulmana.

A conferência deixou claro que a influência de nosso partido, ampliada através de suas seções femininas, se estende agora aos territórios mais remotos da Rússia soviética. Entre as massas dos mesmos lugares onde a escravização secular das mulheres ainda existia no passado, se está produzindo uma profunda fermentação revolucionária. As mulheres muçulmanas não só rechaçam seus véus, mas também participam na organização soviética.

A conferência tem demonstrado que os princípios gerais implementados pelo nosso partido para atrair as massas femininas às tarefas ativas do comunismo seguem sendo perfeitamente aplicáveis e viáveis no Oriente. Basta modificar os detalhes de acordo com as peculiaridades locais. Assim, por exemplo, levando em conta a escravização das mulheres trabalhadoras no seio da família e da vida cotidiana, nossas seções femininas geralmente começam sua educação protegendo a maternidade, proporcionando alimentos comunitários, etc. Entre os povos do Oriente, onde a mulher está escravizada sobretudo pelos preconceitos religiosos, pela desigualdade no matrimônio, pelos costumes e pela moral do passado, o centro de propaganda se desloca naturalmente em direção à educação e ao lazer para desenvolver, por um lado, os conhecimentos e, por outro, para aproximá-las dos modos de vida do regime soviético que são mais livres, salvaguardando os interesses da mulher. Assim vemos mulheres delegadas nomeadas nos tribunais populares (como na Baskíria), a participação das seções de mulheres na redação das leis locais, fiscalizando sua aplicação, etc.

Como uma das primeiras formas de propaganda para atrair as massas femininas mais atrasadas à vida social e política, a conferência assinalou a importância dos clubes, que contém uma escola primária, uma creche, um refeitório; em uma palavra, toda sorte de instituições capazes de dar exemplo do que o poder soviético pode fazer pelas mulheres do Oriente, sempre que estas mostrem iniciativa. Os clubes também foram declarados a forma primitiva de organização das massas femininas ao redor dos setores comunistas, já que este formado é aplicável inclusive em tribos nômades como os quirguizes, uzbeques, etc…

A conferência estabeleceu o princípio de que as sessões femininas não devem buscar seu apoio sobretudo entre as donas de casa, mas sim entre as que, por sua situação social e condições de vida, estão melhores capacitadas para compreender o comunismo; quer dizer, as trabalhadoras assalariadas e as artesãs. Estas últimas são particularmente numerosas no Turquestão. Toda a propaganda das seções femininas deve partir da proposta fundamental de que somente a emancipação econômica de toda a população e o estabelecimento do comunismo sobre as ruínas do regime feudal tornarão possível a plena emancipação da mulher na vida, no Direito e na família. A conferência dedicou grande atenção para a organização das mulheres artesãs em locais de trabalho especiais.

Deu-se uma animada troca de opiniões sobre a convocatória do Congresso de Mulheres Orientais de toda a Rússia. Decidiu-se por convocá-lo para o dia 2 de junho e em Moscou. Já se realizou grande parte do trabalho preparatório, e as comunistas do Oriente, mesmo as de províncias distantes, já tem realizado uma série de conferências e congressos regionais ou distritais com esta finalidade.

Toda a conferência foi procedida com assombroso ardor e harmonia; apesar da variedade de nações representadas, sentiu-se o verdadeiro espírito internacionalista. A conferência enviou, como resposta a um telegrama recebido, uma chamada a Lênin e outro às trabalhadoras do Ocidente através da Internacional Comunista e da Secretaria Internacional das Trabalhadoras.

Esta pequena mas ativa reunião não deixará de produzir seus frutos, promoverá a preparação do congresso pan-russo, se converterá em uma das pedras angulares do edifício que se está construindo gradualmente com o esforço comum de homens e mulheres comunistas do Oriente e do Ocidente, da sociedade comunista alcançada pela ditadura da classe trabalhadora.

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