Os capitalistas e seus bem pagos intelectuais e especialistas continuam a argumentar que o fim da União Soviética em 1991 significa que o socialismo e o comunismo são impossíveis.
Uma visão negativa e estereotipada da União Soviética e do socialismo tem sido incansavelmente propagandeada para as pessoas do Estados Unidos desde que a Revolução Russa aconteceu em 1917.
É extremamente raro para a ordem estabelecida mencionar alguma dos notáveis conquistas da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o nome completo da federação Soviética de 15 repúblicas, e outros países que subsequentemente partiram para a construção do socialismo.
O triunfo da Revolução Russa, quase 100 anos atrás foi um verdadeiro acontecimento histórico mundial. Foi a primeira vez na história que a classe trabalhadora conseguiu expropriar a classe dominante e ter poder, e também reorganizar a economia e a sociedade numa base socialista. Ela provou que os oprimidos, com a sua própria liderança e seu partido, poderiam criar uma nova realidade.
Primeiro de tudo, eles tiveram que defender o seu novo estado contra não somente os exércitos contrarrevolucionários internos – chamados de exército “branco” pelos capitalistas e antigos latifundiários – mas também contra 14 exércitos imperialistas que ameaçavam invadir o país, incluindo os Estados Unidos.
Os bolcheviques, liderados por Vladimir Lênin, começaram a construir um novo sistema econômico sob as condições de quase total bloqueio econômico impostas pelo mundo capitalista.
Os anos de guerra e depravação tomaram um grande número de membros do Partido Comunista e da classe trabalhadora como um todo, um grande número que enfraqueceu severamente a liderança revolucionária, e que mais tarde levariam a problemas e eventualmente, o fim da URSS.
Mas ao contrário da apresentação burguesa de um sistema econômico falho, a economia planejada Soviética – a primeira vez na história que existiu uma economia planejada – mostrou o imenso potencial do socialismo.
De ser o estado menos desenvolvido dos grandes países europeus no início da revolução, 40 anos depois, a União Soviética era a segunda maior economia no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Foi o mais rápido desenvolvimento econômico de um país.

Isso foi conquistado apesar do fato de que, pouco mais de uma década após o rápido desenvolvimento do país nos anos 30, dois terços da indústria e muita da agricultura soviética foram destruídas pela invasão dos nazistas que começou em 1941. Foi a União Soviética que suportou o peso da máquina de guerra nazista e a destruiu – mas com um custo de 27 milhões de mortos. O número de mortos nos EUA na Segunda Guerra Mundial foi de cerca de 400.000 – um enorme numero, mas cerca de 1,5% das mortes soviéticas.
Antes da revolução, a maioria da população passava a vida toda sem nunca ver um doutor. Em 1966, um grande jornal de medicina norte-americano, o Jornal Americano de Saúde Publica, escreve “expectativa de vida dobrou nos últimos 50 anos… No atual momento, a União Soviética forma anualmente o mesmo número de médicos que havia em todo o Império Russo antes da Primeira Guerra Mundial. De todos os médicos do mundo hoje, mais de um em cada cinco é soviético… enquanto apenas uma pessoa em 14 no mundo de hoje é um cidadão soviético ”. Não apenas isso, mas nenhum desses médicos – três quartos dos quais eram mulheres. – pagaram um centavo por sua educação, e nenhuma outra pessoa em qualquer área de trabalho. Todas as pessoas tinham garantido um emprego, moradia, cuidados de saúde, cuidados infantis e educação, bem como o direito a um período de férias anuais de um mês, pensões e atividades culturais.
Igualdade completa para as mulheres era um princípio básico para o estado Soviético. Medidas especiais foram criadas para garantir a igual representação nos vários níveis da força de trabalho, e a discriminação sob base de gênero era constitucionalmente banida. As mulheres recebiam pelo menos um ano de licença-maternidade remunerada quando tinham seus filhos.

A União Soviética mostrou a superioridade de uma economia socialista planejada, eliminando o desemprego, algo que nenhum país capitalista conseguiu realizar. A chave para acabar com o desemprego era acabar com o sistema capitalista e com o seu ciclo de expansão e recessão.
A União Soviética era organizada na base do direito a autodeterminação, o que significa que cada nacionalidade tinha o direito para controlar as instituições que formavam o seu destino, a promoção de discurso de ódio baseado na nacionalidade de alguém era ilegal. As mais de 100 nacionalidades na URSS tinham garantidas o acesso a literatura, com jornais e educação na sua própria língua. Dezenas de idiomas que não foram escritos anteriormente foram alfabetizados. Na esteira da destruição da Segunda Guerra Mundial, vastos projetos industriais, de infraestrutura e habitacionais foram realizados para compensar o legado do subdesenvolvimento.

A ausência de competição entre empresas capitalistas possibilitou um rápido desenvolvimento científico e da engenharia.
Em 1957, os soviéticos lançaram Sputnik, o primeiro satélite a orbitar a Terra e quatro anos depois mandaram o primeiro homem, Yuri Gagarin, ao espaço.
Além de seu notável desenvolvimento interno, a ajuda soviética era vital para os movimentos de libertação nacional e estados recém-independentes em todo o mundo. As vitórias das revoluções chinesa, coreana, vietnamita e outras teriam sido muito adiadas ou evitadas sem a União Soviética. Sem o apoio soviético, Cuba teria sem dúvida sido invadida pelos Estados Unidos, e a ajuda soviética era vital para os palestinos e muitos movimentos revolucionários africanos, como os da Etiópia, Moçambique e Angola.
Muitos fatores contribuíram para a queda da União Soviética: o obstrução da revolução nos países capitalistas avançados; o cerco militar imperialista a URSS, que a obrigou a gastar trilhões em defesa; as sanções ininterruptas, o bloqueio e a sabotagem de bens comerciais pelo mundo capitalista; e problemas internos, particularmente o burocratismo.
O fator negativo decisivo em sua queda foi a tomada do poder dentro do Partido Comunista pelas forças pró-capitalistas, mostrando novamente que a liderança é crítica na luta pelo socialismo, depois da revolução, bem como antes.
A União Soviética foi o primeiro estado da história em que os oprimidos assumiram e conservaram o poder. Apesar dos obstáculos aparentemente intransponíveis que enfrentou, a União Soviética durou sete décadas e mostrou que um mundo diferente é de fato possível – um mundo socialista.
Texto original disponível no link abaixo:
http://liberationschool.org/what-is-the-real-legacy-of-the-soviet-union-an-overview/
Na imagem da capa, estudantes soviéticas carregam melancias na fazenda do Estado Budyonny, em Rostov, Russia, 1967. (Bill Eppridge/Life Picture Collection/Getty Images)