A crise do coronavírus fortalecerá Xi Jinping e o Partido Comunista da China

A crise do coronavírus fortalecerá Xi Jinping e o Partido Comunista da China, dizem analistas americanos

Outra previsão: a probabilidade de que a China cumpra este ano as metas de compra da primeira fase do acordo comercial com os EUA é “algo entre zero e zero”.

O Estado se expande para lidar com a crise e depois permanece em um nível de expansão, mesmo após o desaparecimento da crise.

por Cissy Zhou | South China Morning Post

O provável resultado da epidemia de coronavírus não é só a permanência do presidente chinês Xi Jinping no poder, mas também que o Partido Comunista se torne maior e mais forte, apesar dos atuais desafios econômicos, afirmaram na quinta-feira observadores da China de longa data.

As respostas da China nos primeiros meses do surto resultaram em algumas críticas a Xi, e vários sinais apontaram para um crescimento econômico negativo no primeiro trimestre. Porém, depois que a crise desaparecer, “é muito improvável que exista algum desafio político significativo ou manifesto para Xi Jinping”, disse Jude Blanchette, que ocupa a cadeira Freeman em Estudos Chineses no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), em Washington.

“Esse é um líder que consolidou quantidades extraordinárias de poder. Seu valor está em poder ajustar o sistema de governança chinês para lidar com eventos de cisnes negros, como o que estamos agora enfrentando, e outros desafios para os quais a China está de frente.”

Ele acrescentou: “Acho que onde devemos gastar a maior parte do tempo observando como será a nova configuração com a qual o Partido-Estado responderá ou qual será o resultado de suas ações para lidar com o coronavírus”.

Blanchette prevê um Partido Comunista mais forte após o surto epidêmico, pois esse resultado “é uma característica cíclica e estrutural das crises internacionais – o Estado se expande para lidar com a crise e depois permanece em um novo nível de expansão, mesmo após o desaparecimento da crise”.

Ele considera que a tarefa crucial para a China agora, depois de indicações da mídia estatal de que o contágio está mais ou menos sob controle, é estabilizar o emprego e reativar a economia.

Contudo, as consequências econômicas globais do surto permanecem significativas, o que inclui o cumprimento das metas descritas na primeira fase do acordo comercial com os EUA.

A probabilidade de a China cumprir as metas de compra escritas no acordo e aumentar suas importações dos EUA neste ano é “algo em torno de zero ou zero”, disse Scott Kennedy, consultor sênior e presidente de administração e negócios chineses na CSIS.

“Para começar, essas eram metas irreais. Como todo mundo já disse, o consumo chinês caiu significativamente. E a China não vai expandir o consumo tão rapidamente a ponto de aumentar as exportações americanas – ou as importações dos Estados Unidos – em US$ 70 bilhões. E, portanto, seria surpreendente se a China atingisse os US$ 130 bilhões do ano passado em importações dos Estados Unidos”, disse Kennedy.

No mês passado, a China disse que cortaria pela metade as tarifas adicionais de US$ 75 bilhões em produtos americanos que foram impostas no fim do ano passado – incluindo uma redução das tarifas de 10% para 5% e das tarifas de 5% para 2,5% – em um esforço para implementar a fase um do acordo.

A epidemia de coronavírus provavelmente comprometerá o objetivo da China de dobrar seu produto interno bruto (PIB) no final de 2020 em relação ao de 2010. A meta exigiria que o crescimento deste ano fosse de cerca de 6%.

Kennedy afirmou que não há “absolutamente nenhuma maneira” de a China conseguir atingir essa meta “com qualquer grau de realidade” este ano.

Em uma reunião do principal painel de formulação de políticas chinesas na quarta-feira, presidida pelo líder chinês, Xi descreveu o status atual da prevenção e controle de epidemias como “complicado” e pediu que o desenvolvimento econômico e social retorne ao normal o mais rápido possível.

O índice de atividade dos gerentes de compras (PMI) da Caixin caiu de 51,8 em janeiro para 26,5 em fevereiro após grandes paralisações nos setores industrial oficial e privado.

A agência de notícias Xinhua informou na quarta-feira que a capacidade instalada das empresas havia chegado a cerca de 80% em 21 províncias. Contudo, juntamente com os sinais positivos da mídia estatal, também há relatos de que, devido à pressão das autoridades locais, empresas estão falsificando os números sobre o uso de eletricidade para parecer que a economia segue crescendo.

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