Em uma votação realizada em fevereiro de 2017 pela organização propagandística Fundação Memorial Vítimas do Comunismo, foi revelado que 1 em cada 5 millenials norte-americanos consideram Joseph Stálin e Kim Jong Um “heróis”. A credibilidade de qualquer coisa publicada por essa deplorável organização é questionável, mas não há como negar que existe um crescente interesse pelo comunismo e pela figura de Stálin, e por uma boa razão.
Neste artigo, quero compartilhar o que algumas das figuras de liderança e ativistas políticos do século 20 pensaram sobre Stálin: Albert Einstein, H. G. Wells, Nelson Mandela, W. E. B. Du Bois, Che Guevara, e Paul Robeson. Também quero compartilhar algumas fontes que irão ajudar no aprendizado sobre um dos maiores revolucionários socialistas da história moderna e que irão elucidar algumas concepções errôneas criadas por meio século de propaganda imperialista ocidental.
Albert Einstein sobre Stálin

Esse é provavelmente o melhor exemplo que nos mostra como nossa educação nos falhou. Todos crescemos sabendo sobre Einstein e sua Teoria da Relatividade na escola, mas muitos de nos nunca aprendemos que Einstein era muito mais que um simples cientista. Einstein era um radical, um grande apoiador do socialismo e de comunistas negros nos EUA. Ele publicamente criticava o imperialismo norte-americano e britânico, e também se opunha firmemente ao sionismo. Einstein também era um apoiador da União Soviética e considerava bastante a figura de Lenin. Enquanto esses aspectos da militância de Einstein foram cuidadosamente removidos da nossa educação formal, o que foi ainda mais suprimido foi o fato de que Einstein apoiava Stálin.
Em uma carta de 1937 ou 1938 para seu colega alemão ganhador do prêmio Nobel de Física Max Born, Einstein escrevia:
“A propósito, existem crescentes sinais que os julgamentos russos não são mentirosos, mas sim que existe uma conspiração entre aqueles que veem Stálin como um reacionário estupido que traiu as ideias da revolução. Mesmo com nós entendendo que é difícil imaginar esse tipo de questão interna, aqueles que conhecem bem a Russia tem mais ou menos a mesma opinião. Eu estava firmemente convencido, para começar, que era um caso de atos despóticos de um ditador, baseado em mentiras e decepções, mas isso era uma ilusão.” (The Born-Einstein Letters traduzido por Irene Born, Walker and Company, Nova York, 1971 ISBN 0-8027-0326-7)
Max Born comentou sobre essa carta, o seguinte: “Os julgamentos russos foram os expurgos de Stálin, com os quais ele tentou consolidar seu poder. Como a maioria das pessoas no Ocidente, acreditei que esses julgamentos espetaculares fossem atos arbitrários de um ditador cruel. Aparentemente, Einstein tinha uma opinião diferente: acreditava que, quando ameaçados por Hitler, os russos não tinham escolha a não ser destruir o maior número possível de inimigos dentro de seu próprio campo. Acho difícil conciliar esse ponto de vista com a gentil e humanitária disposição de Einstein.”
Embora pareça que Max Born não tenha se alinhado com Einstein em suas opiniões a respeito de Stálin, Einstein continuou a apoiar Stálin e a URSS, principalmente por causa dos esforços de Stálin para proteger os judeus entre as duas Guerras Mundiais. As políticas de Stálin de acolhimento dos judeus na União Soviética criaram um espaço seguro para eles em uma época em que estavam sendo impiedosamente perseguidos. A União Soviética também foi a primeira nação não-negra que deu direitos iguais aos negros.
H. G. Wells sobre Stálin
A relevância de H. G. Wells se estende além de seus famosos trabalhos de ficção cientifica como “A Máquina do Tempo” e “O Homem Invisivel”. Wells, um socialista, também tinha escrito extensivamente sobre os direitos humanos e a sua peça de 1940 “Os Direitos do Homem” foi utilizada pelas Nações Unidas como um documento fundador da Declaração dos Direitos Humanos em 1948.
Em 1934, Wells tinha entrevistado Stalin e embora ele tenha achado Stalin um pouco ortodoxo e não original na sua ideologia marxista-leninista, ele escreveu o seguinte sobre Stálin em sua autobiografia:
“Eu nunca encontrei um homem mais sincero, justo e honesto, e a estas qualidades de modo nenhum oculto e sinistro, que ele deve a sua ascensão tremendamente indiscutível na Rússia. Eu tinha pensado antes de vê-lo que ele poderia estar onde estava porque os homens tinham medo dele, mas percebo que ele deve sua posição ao fato de que ninguém tem medo dele e todo mundo confia nele.
Confesso que me aproximei de Stalin com certa suspeita e preconceito. Uma imagem fora construída em minha mente de um fanático muito reservado e autocentrado, um déspota sem vícios, um monopolizador ciumento do poder. Eu estava inclinado a aceitar o papel de Trotsky contra ele. Eu havia formado uma opinião muito forte, talvez excessiva, sobre as capacidades militares e administrativas de Trotski, e pareceu-me que a Rússia, que está em tão urgente necessidade de capacidade de orientação, não podia se dar ao luxo de manda-lo para o exílio. A Autobiografia de Trotsky, e mais particularmente o segundo volume, modificara esse julgamento, mas eu ainda esperava encontrar um homem implacável, duro – possivelmente doutrinário – e autossuficiente em Moscou; um georgiano cujo espírito nunca havia emergido completamente de seu vale nativo da montanha.
No entanto, eu tive que reconhecer que sob sua admnistração a Rússia não estava sendo meramente tiranizada e reprimida; estava sendo governado e continuava a prosperar. Tudo o que eu tinha ouvido em favor do Primeiro Plano Quinquenal eu havia passado por uma peneira severamente cética, e ainda assim havia um efeito crescente de empreendimento bem-sucedido. Eu tinha escutado [685] mais e mais avidamente a qualquer fofoca de primeira mão que eu pudesse ouvir sobre esses dois homens contrastantes. Eu já havia feito uma consulta contra a minha sombria antecipação de uma espécie de Barba Azul no centro dos assuntos russos. De fato, se eu não tivesse reagido contra esses primeiros preconceitos e querendo chegar mais perto da verdade, eu nunca teria ido novamente a Moscou. ”- H. G. Wells, Experimento em uma Autobiografia
Nelson Mandela sobre Stalin
Nós crescemos escutando sobre e reverenciando Nelson Mandela enquanto um pacifista e um ativista pelos direitos civis. A primeira linha de sua introdução na Wikipedia até mesmo o chama de filantropo, mas não menciona que Mandela, era também, um comunista.
Nas suas notas escritas no livro de Liu Shaoqi “Como ser um Bom Comunista”, Mandela escreveu: “Um comunista é um membro do Partido Comunista que entende e aceita a teoria e a prática do Marxismo-Leninismo como explicada por Marx, Engels, Lenin e Stalin, e que se sujeita a disciplina do Partido.”
Ele também reiterou de Liu Shaoqi:
“Todo membro do Partido deve elevar suas qualidades revolucionárias com todo respeito ao nível das qualidades revolucionárias de Marx, Engels, Lenin e Stalin…
Alguns dizem que é impossível conseguir ter as qualidades revolucionárias geniosas de Marx, Engels, Lenin e Stalin e que é impossível até mesmo se elevar a ter suas próprias qualidades no mesmo nível que a deles. Mas enquanto os membros do partido trabalharem duro e de modo sincero, nunca se deixando isolar por um momento único qualquer da luta cotidiana das pessoas, e fazendo esforços sinceros para estudar a literatura Marxista, aprendendo das experiencias de outros camaradas e das massas das pessoas, constantemente se colocando para se cultivarem, eles conseguirão perfeitamente elevar suas qualidades para as do mesmo nível de Marx, Engels, Lenin e Stalin.”
W. E. B. Du Bois sobre Stalin
W. E. B. Du Bois foi um sociólogo norte-americano, historiador, ativista pelos direitos civis, pan-africanista, autor, escritor e editor. Ele também era um amigo próximo de Einstein e Paul Robeson, e influenciou significativamente o desenvolvimento político de Einstein. Du Bois lutou pelos direitos da população negra nos EUA e protestou firmemente contra os linchamentos que aconteciam, contra as leis discriminatórias Jim Crow e acreditava firmemente que o capitalismo era a causa primaria do racismo.
Du Bois escreveu uma eulogia a Stalin que foi publicada no National Guardian em 1953, intitulada “Sobre Stalin”. Abaixo está um trecho do obituário, mas recomendo a leitura de todo o texto:
“Stalin não foi um homem de aprendizado convencional; ele foi muito mais que isso: ele foi um homem que pensou profundamente, leu compreensivamente e escutou a sabedoria, não importava de onde vinha. Ele foi atacado e caluniado como poucos homens de poder o foram; apesar disso ele raramente perdeu sua cortesia e equilíbrio; nem permitiu que os ataques o afastassem de suas convicções nem o induzissem a capitular posições as quais ele sabia estarem corretas. Como uma das minorias desprezadas do homem, ele primeiramente guiou a Rússia no caminho da vitória sobre o preconceito racial e construiu uma nação de 140 grupos sem destruir suas individualidades.
Seu julgamento sobre os homens era profundo. Ele percebeu cedo o brilho e o exibicionismo de Trotsky, que enganou o mundo, especialmente a América. Toda a descortês e insultante atitude dos Liberais nos E.U.A. hoje começou com nossa ingênua aceitação da magnífica propaganda mentirosa de Trotsky, a qual ele transmitiu pelo mundo. Contra isso, Stalin manteve-se como uma rocha e não se moveu nem para direita e nem para esquerda, enquanto ele continuou a avançar em direção ao real socialismo ao invés da fraude oferecida por Trotsky.
Tal foi o homem que jaz morto, ainda o alvo dos chacais ruidosos e dos homens incivis de algumas partes do Ocidente destemperado. Em vida, ele sofreu debaixo de insultos contínuos e estudados; ele foi obrigado a tomar decisões amargas por sua própria responsabilidade. Sua recompensa torna-se visível no modo como o homem comum permanece em solene aclamação.”
Che Guevara sobre Stalin

Che Guevara, assim como Mandela, não necessita de uma longa introdução. O herói revolucionário que, junto com Fidel Castr, liberou Cuba do regime opressivo de Batista em 1959, era um dedicado socialista e stalinista. Embora o Che tenha se convertido em um culto à personalidade e seja romantizado tanto por liberais quanto por esquerdistas, não é amplamente sabido que Che havia declarado que “chegara ao comunismo por causa do figura paterna de Stalin“. (Stalin é considerado o pai do socialismo por ter construído o primeiro estado socialista de sucesso na história moderna.)
Durante a revolução Cubana, Che disse, “Nos assim chamados erros de Stalin reside a diferença entre uma atitude revolucionária e uma atitude revisionista. Você tem que olhar para Stalin no contexto histórico em que ele se move, você não tem que olhar para ele como um tipo de pessoa bruta, mas nesse contexto histórico particular. Eu vim para o comunismo por causa da figura paterna de Stálin e ninguém deve vir e me dizer que eu não devo ler Stalin. Eu o li quando foi muito ruim lê-lo. Essa foi outra hora. E porque não sou muito inteligente e uma pessoa de cabeça dura, continuo a lê-lo. Especialmente neste novo período, agora que é pior lê-lo. Então, bem como agora, ainda encontro uma Seri de coisas que são muito boas”.
Anos antes da revolução cubana, em 1953, depois de ter completado suas famosas viagens em Diários de Motocicleta, um Che de 25 anos escreveu para sua tia Beatriz, dizendo: “Ao longo do caminho, tive a oportunidade de passar pelos domínios da United Fruit, convencendo-me mais uma vez de quão terríveis são esses polvos capitalistas. Eu jurei diante de uma foto do velho e lamentado camarada Stalin que não vou descansar até ver esses polvos capitalistas aniquilados.“
Paul Robeson sobre Stalin

Paul Robeson foi um concertista norte-americano e ator de teatro e cinema que se tornou famoso tanto por suas realizações culturais quanto por seu ativismo político. Ele era um socialista que se opunha fortemente ao imperialismo e apoiava a União Soviética, o que o colocou na lista negra do Macarthismo. Consequentemente, sua renda foi severamente afetada e ele também foi negado um passaporte norte-americano em 1939. Seus direitos de viagem foram restaurados apenas em 1958.
Como Du Bois, Robeson também escreveu um elogio a Stalin que foi publicado na New World Review em 1953, intitulado To You Beloved Comrade (Para Você Querido Camararda). Nele, Robeson escreveu:
“Aqui estava claramente um homem que parecia abraçar tudo. Tão gentilmente, nunca consigo esquecer aquele sentimento caloroso de gentileza e também um sentimento de segurança. Aqui estava alguém que era sábio e bom – o mundo e especialmente o mundo socialista tiveram a sorte de ter sua orientação diária. Eu levantei meu filho Paul para acenar para este líder mundial e seu líder. Para Paul Jr. tinha entrado na escola em Moscou, na terra dos soviéticos … em toda essa área de desenvolvimento das minorias nacionais – de sua relação com os grandes russos – Stalin havia desempenhado e desempenhava um papel decisivo.
Mais tarde eu estava viajando – para ver com meus próprios olhos o que poderia acontecer com os chamados povos atrasados. No Ocidente (na Inglaterra, na Bélgica, na França, em Portugal, na Holanda) – os africanos, os indianos (oriente e ocidente), muitos dos povos asiáticos foram considerados tão atrasados que séculos, talvez, teriam de passar antes que esses chamados “colonos” poderiam se tornar uma parte da sociedade moderna.
Mas na União Soviética, Yakuts, Nenetses, Kirgiz, Tadzhiks – tinham respeito e foram auxiliados a avançar com uma rapidez inacreditável nesta terra socialista. Nenhuma promessa vazia, como pessoas de cor, ouvem continuamente nos Estados Unidos, mas ações. Por exemplo, a transformação do deserto no Uzbequistão em acres de flor de algodão. E um velho amigo meu, o Sr. Golden, treinado sob Carver em Tuskegee, desempenhou um papel proeminente na produção de algodão. Em 1949, vi sua filha, agora crescida e na universidade – uma orgulhosa cidadã soviética.
Stalin, Glória a Stalin. Para sempre seu nome será honrado e amado em todas as terras.”
As perspectivas de tais lideres e militantes pelos direitos humanos sobre Stálin são extremamente relevantes hoje em dia enquanto entendemos que Stálin foi deliberadamente demonizado pelos capitalistas ocidentais e que qualquer outra forma de governo que não seja a democracia liberal Ocidental é chamada de ditadura. A mídia ocidental, junto com o nosso falho aparato educacional, tem garantido que nós não aprendamos sobre o ativismo politico desses lideres e seu apoio ao socialismo. A história moderna é lutada primariamente entre o socialismo e o capitalismo, uma luta que o capitalismo quase venceu pela propaganda anti-comunista, que tem lavado o cérebro de muitas pessoas por mais de meio século.
Para entender Stálin e a União Soviética durante sua liderança de um modo melhor, eu recomendo a leitura do livro Uma Outra Visao sobre Stalin de Ludo Martens.
O legado de Stálin continua a viver e como Paul Robeson mencionou no seu obituário de Stálin:
“Nas palavras inspiradas de Lewis Allan, nosso compositor progressista –
Para você querido camarada, nós fazemos esta solene promessa
A luta irá continuar – a luta ainda irá continuar
Durma bem, querido camarada, nosso trabalho só acabou de começar
A luta irá continuar – até nós ganharmos – até nós ganharmos”
Artigo originalmente escrito por Shikha Patnaik para o site Socialism Simplified.
Link do texto original disponível aqui.
Tradução por Andrey Santiago
A verdade acima de tudo. Jamais conseguirão apagar os feitos da URSS, de Lenin a Stalin
CurtirCurtido por 1 pessoa