O Antes e Depois da Revolução Cubana por Michael Parenti

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Michael Parenti ( 1933 – ) é um cientista político norte-americano e escritor de obras com perspectivas críticas ao capitalismo.

Você pode olhar pra qualquer país socialista existente… Se não quer chamá-los de socialistas, chame como quiser. Pós-capitalista, eu não ligo… chamem de… camelos, cortinas, não importa. Contanto que entendam os países aos quais eu me refiro. Você pode observar qualquer um desses países e avaliá-los de diversas formas.

Uma: comparando eles com o que eles tinham antes. E isso para mim é algo bastante interessante. Isso que é muito interessante sobre Cuba, por exemplo.

Quando eu estive em Cuba, eu estive nos Escambray, que é tipo os Apalache de Cuba, montanhas bastante rochosas, pessoas pobres, bem pobres elas eram, e eu disse à esse “campesino” “Você gosta do Fidel?” e ele disse “Sim, sim! Com toda a minha alma!” Eu lembro do seu gesto, com “toda a sua alma”.

E eu disse “por quê?”. E ele apontou para essa clínica, lá em cima do morro que nós tínhamos visitado. Ele disse “olha pra isso”. Ele disse “antes da revolução, nós nunca víamos um médico. Se alguém estava seriamente doente, seriam necessárias 20 pessoas para carregarem aquela pessoa, porque iriam dia e noite. Levariam dois dias para chegar até o hospital.

Primeiro porque era longe e segundo porque você não podia ir diretamente, não podia cruzar pelas terras de latifúndio, o patrão ia te matar, então você tinha que ir tipo assim, e na maioria das vezes, quando se chegava ao hospital, a pessoa podia estar morta.

Agora nós temos essa clínica aqui, com um médico integral. E hoje, para um médico em Cuba, quando você se torna um médico você precisa passar 2 anos no interior, essa é a sua dedicação ao povo. E um dentista que vem uma vez por semana. E para coisas mais sérias, nós não estamos mais do que 20 minutos de distância de um hospital maior, isso nos Escambray. Isso é liberdade. Nós somos mais livres hoje, nós temos mais vida.

E eu falei com um cara em Havana que me disse “antes, tudo que costumávamos ver aqui em Havana… você chama isso de velho e acabado, nós vemos como a cidade mais limpa. É verdade, a tinta tá descascando das paredes, mas você não vê crianças implorando por comida, e você não ve prostitutas, antes sempre haviam prostitutas.” Prostituição costumava ser uma das maiores indústrias. E hoje esse homem está indo para a escola noturna.

Ele disse “EU CONSIGO LER!”. “Eu consigo ler”. Você sabe o que significa conseguir ler? Você sabe o que significa NÃO conseguir ler?! Eu lembro quando dei meu livro pro meu pai, eu dediquei um dos meus livros, “Power and the Powerless” (Poder e os Impotentes), ao meu pai. “Ao meu pai, com amor”. Dei a ele uma cópia, ele abriu, olhou. Ele só chegou até a sétima série. Ele era filho de imigrantes proletários italianos. E ele abriu o livro e começou a folheá-lo, e começa a lacrimejar, bastante. E eu pensei que era porque ele estava muito emocionado pois seu filho havia dedicado um livro à ele. Esse não foi o motivo.

Ele olha pra mim e diz: “Eu não consigo ler isso, filho”. Eu disse “tudo bem, pai, os alunos também não conseguem, não é algo que… quer dizer, não se preocupa, pai, eu escrevi pra ti, o livro é teu, você não precisa lê-lo, sabe, é bem… complicado, livro acadêmico”. Ele disse “eu não consigo ler esse livro…”. E ele simplesmente… a derrota… a derrota que aquele homem sentiu. Isso é o que analfabetismo significa! Isso é o que o prazer de programas de alfabetização proporciona.

Por isso que na Nicarágua hoje você tem pessoas andando confiantes agora, pela primeira vez. Eles eram animais antes de serem permitidos a ler! Eles não eram ensinados a ler. E aí é que está, é por isso que eu apoio a revolução. A revolução que alimenta as crianças recebe o meu apoio! Não cegamente, não sem pensar! E os governos como de Reagan que tentam impedir esse tipo de processo, que tentam manter essas pessoas na pobreza, no analfabetismo e na fome, ganham meu maior desprezo e oposição.

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Menina segura um cartaz onde está escrito “Sou Cuba, Fidel e a Revolução”.

Transcrição do vídeo originalmente disponibilizado no canal azureScapegoat.

Disponível neste link.

2 comentários em “O Antes e Depois da Revolução Cubana por Michael Parenti

  1. Só uma pequena correção, camaradas.

    “quando você se torna um médico você precisa passar 2 anos pelo país”

    O “country” no vídeo, nesse contexto, parece ser traduzido melhor pra “interior”. Um médico em Cuba precisa passar 2 anos no interior do país.

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    1. Boa observação camarada, vamos alterar!

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