Texto de Richard Becker.
Originalmente publicado no site Liberation School.
Tradução por Victor Oltiel.
N.T: Este texto utiliza a neo-linguagem na tradução, não fazendo distinções de gênero em certos termos.
Seria praticamente impossível exagerar sobre o impacto da Revolução Russa que começou em fevereiro de 1917. No começo daquele ano, o mundo estava num estado muito deprimente.
A Primeira Guerra Mundial, a primeira guerra mundial imperialista, estava furiosa na Europa por dois anos e meio desde agosto de 1914. Milhares estavam mortes e não havia sinal de um fim. Em certos dias, dezenas de milhares seriam mortes ou mutilades em batalhas onde tropas concentradas se erguiam de trincheiras, morriam em meio a tiros de metralhadora ou por gás venenoso, ou de doença.
Foi uma guerra de impérios, de um lado os impérios britânico, francês, russo, japonês e italiano, e do outro, os impérios alemão, austro-húngaro, e otomano. O único poder maior na guerra que não se chamava formalmente de império era os Estados Unidos, que, claro, era um império também.
A maioria dos partidos socialistas (ou socialdemocratas) que haviam crescido muito e em influência no período pré-guerra em alguns países, especialmente na Alemanha, traíram a classe trabalhadora e apoiaram suas respectivas classes capitalistas na guerra. Líderes como Karl Kautsky na Alemanha tinham dito antes da guerra que quando ela chegasse resistiriam e diriam aes trabalhadories não para matar e morrer pelos benefícios de suas respectivas classes dominantes. Mas sob as pressões da fúria da guerra quando o conflito começou, muites se renderam e apoiaram seus governos na guerra.
Fora da Europa, aproximadamente toda Ásia, África e América Latina eram colônias totais ou semicolônias. O mundo havia sido retalhado pelos grandes poderes e agora eles estavam lutando a guerra mais terrível e destrutiva da história para dividi-lo de novo.
Foi um mundo verdadeiramente triste em janeiro de 1917. Até mesmo Lenin, vivendo em exílio na Suíça, naquele mesmo mês disse a um grupo de juventude suíça socialista que a geração dele não viveria para ver a revolução mas que a geração dela viveria.
Então, apenas algumas semanas depois, como um relâmpago vindo de um céu azul, veio a Revolução Russa, a primeira revolução burguesa (capitalista) em fevereiro que em cinco dias curtos trouxe o fim da monarquia que tinha governado o Império Russo por dois séculos e meio. E então em outubro a revolução socialista, a captura do poder pela classe trabalhadora liderada por Lenin e o Partido Bolchevique.
Assim como escrevemos em nosso livro “Storming the Gates”, a Revolução Russa teve um efeito eletrizante no mundo. Ela levou à formação de novos partidos trabalhistas revolucionários – partidos comunistas por todo o mundo e a Internacional. Na Europa e nas Américas os partidos socialdemocratas se dividiram. Nos EUA e em outros lugares, a esquerda do velho partido socialista se uniu com elementos de Trabalhadores Industriais do Mundo e outros do Partido Comunista da América. Houve muito e muito ânimo, especialmente entre pessoas jovens, e um grande desejo de repetir o que havia acontecido na Rússia.
Muitos desses novos partidos revolucionários tinham no começo uma perspectiva ultraesquerda, e por isso o título de Lenin no panfleto que vamos estudar. O que isso significa?
Ao observarem a Revolução Russa, revolucionáries da “esquerda” saudaram es bolcheviques e focaram na captura do poder, mas não entenderam o que havia tido antes da revolução. Lenin lhes disse: Seria melhor nos elogiar menos e estudar mais nossa história, e todas as fases de que nosso partido passou antes da revolução.
O ultraesquerdismo, ou o que Lenin chama comunismo “de esquerda” (note as aspas em “da esquerda”) pode ser definido como substituir seus desejos pela realidade. O ultraesquerdismo também é sempre sectário. Enquanto firme em seus princípios, Lenin e es bolcheviques eram contra sectarismo, e ao longo dos anos trabalharam juntes com muitas outras forças.
Es ultraesquerdistas declararam que era desnecessário – de fato que era reacionário – participarem em eleições burguesas, ou em uniões trabalhadoras comandadas por líderes socialdemocratas ou pró-capitalismo. Isso era um “sem compromissos” com forças não-revolucinárias. Em outras palavras, aquilo declarou em essência o desejo de irem direto para a revolução.
Isso seria ótimo, se fosse possível. Mas como Lenin explicou, não pode haver uma revolução sem uma crise revolucionária na sociedade. E ninguém tem o poder de criar tal crise, ou, de outro modo, impedi-la de acontecer. Uma crise revolucionária cresce das contradições na sociedade que nem opressories ou oprimides controlam. Frequentemente, crises revolucionárias se desenvolveram das guerras.
Nós não estamos estudando Comunismo “Da Esquerda” porque não estamos vivendo num período revolucionário como 1917-21. Nós não estamos vivendo tal período. Estamos vivendo num período geralmente reacionário, assim como es bolcheviques viveram durante a maior parte de sua existência até a revolução de 1917.
Como podemos observar, esse panfleto é em muitas formas um guia de táticas de um partido revolucionário em um período não-revolucionário. Lenin explica que es bolcheviques não podiam ter sucedido em liderar a revolução sem terem passado por quase 20 anos entre ressurgimentos e recuos antes de 1917. Que era essencial que elus trabalhassem dentro em uniões lideradas por reacionáries para convencer trabalhadories, que concorressem em eleições burguesas devido ao quão corrupta e fraca a Duma (parlamento) estava para assim serem uma voz para a classe trabalhadora e todes es oprimides.
Ele ridiculariza a noção de “sem compromissos” mostrando que es bolcheviques entraram em inúmeras alianças e coalizões de curto prazo para avançarem com a causa trabalhadora, e também alianças quebradas quando necessário. Ele discute a diferença entre compromissos com e sem princípios.
A riqueza da experiência bolchevique, sua sofisticação tática ganhada por meio de muitas experiências, junto com sua devoção consistente aos reais interesses da classe trabalhadora, são fatores que tornaram possível para elus liderarem a revolução socialista.
O Partido pelo Socialismo e Libertação todo está engajando no estudo sobre Comunismo “Da Esquerda”: Uma Desordem Infantil como um meio de aprofundar nosso entendimento das técnicas leninstas na batalha para construir um partido revolucionário no centro do imperialismo.