Luiz Carlos Prestes – Resposta ao PT

Nota publicada no jornal Voz Operária do Partido Comunista Brasileiro, edição nº 174 de outubro/novembro de 1981.

Originalmente disponível no site Marxists.

Transcrição de Andrey Santiago.


Nos últimos dias intensificaram-se as notícias, veiculadas pela imprensa escrita, falada e televisionada, dando conta de um possível ingresso meu no Partido dos Trabalhadores, ingresso este que, segundo declarações atribuídas a diferentes dirigentes do PT, teria o caráter de uma adesão incondicional a esse partido.

Devo destacar que, diante dos insistentes convites, formulados em diversas oportunidades, por representantes do Partido dos Trabalhadores para que eu ingressasse nessa agremiação para concorrer a um cargo eletivo nas próximas eleições marcadas para novembro de 1982, sempre deixei claro que jamais assumiria nenhuma posição, nem faria qualquer declaração que implicasse no abandono de minhas convicções de revolucionário, às quais sempre me mantive fiel no decorrer de minha já longa vida política, na abdicação dos princípios do marxismo-leninismo e na desistência do firme propósito de contribuir para a construção em nosso país de um Partido Comunista efetivamente revolucionário, capaz de conduzir as massas trabalhadoras à revolução socialista.

Pelo contrário, ficaria sempre claro que não se cogitava de uma adesão minha ou de meus correligionários a qualquer partido, mas, sim, de um ato político de oferecimento de legenda eleitoral, por parte de partidos de oposição, aos comunistas, uma vez que as forças democráticas em nosso país ainda não puderam conquistar o direito de organização política legal para todos os partidos políticos, inclusive os comunistas. E enquanto persistir esta discriminação odiosa em relação aos comunistas, reveladora do caráter ditatorial do regime o qual ainda vivemos, continuaremos lutando pelo direito a concorrer a cargos eletivos pela legenda dos partidos oposicionistas que realmente assumira uma postura democrática, como aliás, ocorreu inúmeras vezes, a partir de 1947, quando o PCB teve seu registro eleitoral injustamente cassado.

Da mesma maneira como o Partido dos Trabalhadores diz não aceitar a política do fato consumado que atribui a outros partidos de oposição, não posso concordar que meu nome seja indevidamente utilizado para, através da imprensa, criar perante a opinião pública a falsa imagem de uma suposta adesão minha incondicional ao PT. Essa adesão não existe, nem existirá. Reafirmo aqui minha fidelidade inabalável aos princípios que sempre defendi, assim como a disposição permanente para o diálogo fraternal e a atuação conjunta com todas as forças efetivamente democráticas de nosso país, não aceitando nenhum tipo de discriminação ou de concessão às pressões anticomunistas ainda existentes em nossa sociedade.

Em 2 de novembro de 1981.

Luiz Carlos Prestes

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