PCM: A Plataforma Mundial Antiimperialista, um grupo provocador

Originalmente publicado no site do Partido Comunista do México em 08/06/2023.

Tradução por Andrey Santiago.


O Partido Comunista do México, examinando cuidadosamente as posições e práticas da chamada “Plataforma Mundial Antiimperialista”, indicou desde o início que se trata de uma construção que nada tem a ver com os princípios comunistas e é uma invenção oportunista que cumpre uma missão concreta. Ou seja, na prática, funciona como uma expressão que procura criar confusão ao apelar ao apoio à aliança entre a Rússia e a China na disputa imperialista com os EUA, que apresenta, mesmo de forma arbitrária e não científica, como “a esperança dos povos do mundo”, mascarando o papel dos monopólios e pisoteando a teoria leninista do imperialismo, do capitalismo monopolista.

Para atingir os seus objetivos, através dos seus porta-vozes visíveis na Grã-Bretanha e na Coreia do Sul, esta “Plataforma” recorre a métodos sujos e a uma cruzada de calúnias contra os partidos comunistas revolucionários e contra o reagrupamento do movimento comunista sob as bandeiras do internacionalismo proletário. O oportunismo é incentivado em períodos de forte virada na luta de classes, como agora que estourou a guerra imperialista devido à acirrada competição entre os estados capitalistas, principalmente os EUA, que vem perdendo espaço na disputa pela supremacia no sistema imperialista, e a economia chinesa em ascensão.

Com o passar dos dias isso se confirma por meio de uma campanha sistemática para distorcer o marxismo-leninismo e atacar os partidos comunistas que são firmes em seus princípios. Tal comportamento é alheio à tradição de debate entre os comunistas, e se explica em parte porque a maioria de seus membros são alheios ao movimento comunista, e fazem parte de grupos estranhos e propensos a provocações, junto com grupos nacionalistas e mesmo partidários confessos de a corrente reacionária que se autodenomina Nazbol [N.T.: nacional-bolchevique, movimento fascista russo].

Enquanto ontem eram um mosaico heterogêneo, um fórum ou uma plataforma, agora, com total falta de seriedade, tentam apresentar-se como uma “Internacional”, assinando um artigo comum com questões ideológicas absurdas para atacar o Marxismo-Leninismo.

Este texto provocativo que eles publicaram em seu site, intitulado “Como o KKE usa a terminologia marxista para encobrir sua retirada do marxismo”, foi retirado com a mesma falta de seriedade sob a alegação de que era um rascunho que foi publicado “inadvertidamente”. Embora tenha se retirado, desde que este ataque inaceitável foi apresentado como a posição da “Plataforma”, questões sérias são levantadas. Por exemplo, quem é o autor e quem assumiu a responsabilidade de publicá-lo? As organizações que assinam tal plataforma concordam, especialmente os PCs envolvidos? Cada um será julgado por seus membros e pela classe trabalhadora de seu próprio país.

Isso deve ser esclarecido porque o texto publicado é hostil à ideologia e à política comunista. Faz parte do ataque à teoria marxista-leninista, aos princípios leninistas do imperialismo, do capitalismo monopolista.

A teoria marxista-leninista do imperialismo é um aspecto essencial das ações do movimento operário e comunista; e se baseia na grande síntese presente em Imperialismo, fase superior do capitalismo e outras obras, que estabelecem claramente sua essência econômica e política e nos deixam uma metodologia para seu estudo e compreensão como capitalismo contemporâneo. Portanto, não há base científica para reduzir o imperialismo a uma relação de grandes potências contra países subordinados, posição que invalida o papel central dos monopólios e o modo de produção capitalista atingiu um grau de desenvolvimento histórico, ou como Lênin especificou sem rodeios: “imperialismo, por sua essência econômica, é capitalismo monopolista”. Neste contexto, a análise leninista permite-nos aprofundar a lei do desenvolvimento desigual e as diferenças de nível e papel dos Estados capitalistas mais ou menos poderosos, que não são estáticos e procuram melhorar a sua posição com base em critérios econômicos, políticos e poder econômico, militar que possuem, enquanto o elemento básico que os permeia é a dominação dos monopólios, da burguesia, que a classe trabalhadora e seus aliados, com a força dirigente dos partidos comunistas, são chamados a enfrentar em cada caso.

Além disso, assimilando a metodologia de Lênin para o estudo do capitalismo contemporâneo, podemos apreciar o desenvolvimento, as mudanças, a dialética do imperialismo; começando pelo fato de que em apenas um século houve mudanças, pois o principal lugar que a Inglaterra tinha dentro do sistema imperialista foi ocupado pelos EUA, que hoje por sua vez estaria prestes a ser substituído pela China capitalista, dadas as tendências objetivas da economia. Outro elemento é que os países que então eram colônias deixaram de sê-lo – devido ao processo de descolonização promovido pela Grande Revolução Socialista de Outubro e o papel da URSS, bem como pela correlação de forças que surgiu no final da Segunda Guerra Mundial -, e depois se tornaram poderosos países capitalistas, como é o caso da própria China, Índia, África do Sul, México, etc. Isso nos mostra que a dependência não é um fenômeno estático, e que conforme a tese leninista dos estados de desenvolvimento desigual, dentro do imperialismo existem monopólios que têm uma posição melhor do que outros, assim como países que têm uma posição melhor, outros uma posição intermediária. e outros um inferior, e que há mudanças constantes nele.

Também é fato que a distorção da teoria do imperialismo leva a uma versão incompleta e mutilada do anti-imperialismo. Um “anti-imperialismo” que conclama o movimento trabalhista e popular a se subordinar à estratégia diplomática e militar de potências capitalistas como Rússia e China. Um “anti-imperialismo” que sonha com um imperialismo pacífico e multipolar, e explica a guerra imperialista fora dos antagonismos das classes burguesas. Ou seja, um “anti-imperialismo” que renuncia à teoria marxista-leninista do imperialismo e retoma os mesmos argumentos com os quais a social-democracia do século passado chamava a apoiar uma das facções imperialistas. Um “anti-imperialismo” que se mantém em silêncio sobre intervenções militares para reprimir uma rebelião operária no Cazaquistão e pode encobrir regimes opressores como Irã, Turquia ou Afeganistão. Que, transgredindo todos os princípios revolucionários, pode ter em suas fileiras grupos nacionalistas, filo-reacionários como a Vanguarda Espanhola ou o Centro de Inovação Política dos Estados Unidos que encobre Trump.

Eles não têm vergonha! Por exemplo, o pequeno grupo que assinou a Declaração de Paris para o México apoia um governo que ratificou o acordo imperialista entre Estados Unidos, Canadá e México, anteriormente conhecido como NAFTA e agora TMEC, e é totalmente silencioso sobre a exploração capitalista no México, o ataque pelo governo social-democrata sobre os direitos dos trabalhadores, contra a política anti-imigração e as responsabilidades do Estado mexicano na repressão e morte dos trabalhadores migrantes.

A chamada “Plataforma” pretende desafiar a “teoria da pirâmide imperialista” em seu texto essencialmente anticomunista, mas isso é apenas um pretexto. Na realidade, é um ataque à teoria marxista-leninista do imperialismo e, portanto, à estratégia revolucionária de combater o capitalismo em sua fase imperialista. Partindo da deformação, não têm problema em recorrer à falsificação e à calúnia.

Os ataques contra os camaradas do Partido Comunista da Grécia são inaceitáveis, uma provocação vulgar. Além disso, permitem avaliar o declínio ideológico e político e os impasses de organizações como o PCOR e o PCUSA, que reproduziram aquele texto repugnante e trabalham descaradamente com forças reacionárias, que propagam posições absurdas como o magacomunismo, que em poucas palavras sustenta que Trump é melhor que Biden, e é outro lado da mesma moeda que sustentou nas últimas eleições nos EUA que era melhor apoiar Biden do que Trump; ambas as posições com o álibi de combater o “fascismo”.

Tais ataques ao marxismo-leninismo, ao KKE e aos partidos comunistas que estão na vanguarda da luta de classes em seus países e levantamos a bandeira vermelha do internacionalismo proletário na atual guerra imperialista, mostram que o PMAI é um grupo funcional para um dos dois lados dos países capitalistas que estão em conflito: funcional para a política externa do estado capitalista russo e para a estratégia de longo prazo da China capitalista.

Não vamos nos deter em todas as suas calúnias, mas destacamos duas posições de princípio diante da guerra imperialista em andamento:

A luta dos comunistas é contra a guerra imperialista e, portanto, contra sua causa: a disputa imperialista pelo controle dos recursos energéticos, matérias-primas e mercados para a divisão do mundo. A teoria marxista-leninista, mas sobretudo a realidade do século passado, demonstra a impossibilidade, a ilusão, a falácia de um sistema imperialista pacífico e “multipolar”. Portanto, lutar a guerra imperialista é lutar contra as burguesias dos lados em disputa. Partimos da posição de não cair sob bandeiras alheias à classe trabalhadora e aos povos, de não ceder seus direitos e interesses ao adversário da classe.

É uma mentira que esta política leninista funciona para a aliança EUA/OTAN, é uma difamação contra aqueles que lutamos todos os dias, não desde hoje, mas constantemente e sem tréguas: contra os seus acordos econômicos e comerciais interestatais, contra suas anteriores guerras imperialistas, contra sua política anti-imigração; sempre em solidariedade imparável com os povos de Cuba, Venezuela, Palestina.

Diante de qualquer guerra imperialista, o critério de classe está acima de qualquer consideração “na análise da situação objetiva das classes dominantes em todas as potências beligerantes. Para refletir esta situação objetiva, não é necessário tomar exemplos e dados isolados… Mas inevitavelmente o conjunto de dados sobre os fundamentos da vida econômica de todas as potências beligerantes e do mundo inteiro”. A contrarrevolução levou a derrubada da construção socialista na URSS, que culminou há 32 anos, restabelecendo as relações capitalistas. Na Rússia não há socialismo, há capitalismo, e os que hoje estão no poder são precisamente os sócios de Yeltsin. Em ambos os lados do conflito Rússia-Ucrânia estão os interesses do capital, e estes são por natureza antagônicos à classe trabalhadora. Portanto, o dever dos comunistas é lutar para que os trabalhadores e os povos do mundo não se deixem conduzir ao matadouro por um lado ou outro, mas sim reunir suas forças na direção da derrubada do podre mundo do capitalismo. Mas esses fariseus do PMAI não podem refutar que a Rússia é capitalista e está entre as principais economias capitalistas do mundo, então eles procuram apresenta-la como uma força antifascista, apesar do fato de que dentro da classe dominante russa existem forças pró-fascistas. Também é risível que aludam à questão nacional quando precisamente em fevereiro de 2022, poucos dias antes da chamada “Operação Especial”, usando o chauvinismo Grão-Russo, Putin atacou e difamou a política bolchevique sobre as nacionalidades de Lênin e Stálin que deu origem à URSS, para se justificar. Tal distorção da teoria marxista-leninista pelo PMAI mostra que é um grupo aventureiro, corroído pelo oportunismo.

A nossa posição de princípio face à guerra imperialista não conduz à imobilidade, como afirma irrealisticamente a “administração” da “plataforma”. Mantemos uma postura militante, de embate e confronto com o capitalismo em sua fase imperialista, uma ação constante contra a guerra, e uma agitação diária de nossa classe, que através de muitas dificuldades liberta a força trabalhadora da influência da burguesia e promove a palavra de ordem de que a barbárie imperialista só pode acabar com o socialismo-comunismo; enquanto as posições do PMAI nada mais fazem do que buscar – em vão – bons capitalistas-imperialistas, e se dedicam a atacar os partidos comunistas que lutam com princípios revolucionários, para criar confusão.

É ridículo e malicioso que o Partido Comunista da Grécia seja acusado de “servir os interesses da OTAN”, quando é o único partido que conseguiu efetivamente impedir, de forma concreta, o envio de máquinas de guerra da OTAN para a Ucrânia. Enquanto o PMAI, que defende os interesses da burguesia russa, afirma – apenas em palavras – que “sabotará a máquina de guerra da OTAN” e “recusa-se a permitir que as bases da OTAN operem sem obstáculos”, mas concentra seus esforços para atacar os partidos comunistas, em vez de lutar contra os governos que apoiam abertamente a OTAN e as forças de esquerda que se juntam a eles.

Tal grupo de provocadores será registrado vergonhosamente por seu papel pró-imperialista, e a história julgará aqueles que decidirem não recuar e permanecer nas fileiras do PMAI, legitimando seu papel provocador.

Proletários de todos os países, uni-vos!

A Secção Internacional do CC do PCM

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