Título original: As condições particulares sob as quais foi fundado o Partido Comunista Chinês e os desvios que surgiram em suas lutas internas
Trecho do discurso de Liu Shaoqi (também escrito como Liao Chao-Tsi) realizado em 2 de julho de 1941, na Escola do PCCh na China Central. O texto completo pode ser encontrado neste link.
Camaradas! Que fizeram Marx e Engels pelo proletariado do mundo? Marx e Engels forneceram ao proletariado um completo e consolidado sistema ideológico e teórico. Não somente isso, como construíram uma organização independente para o proletariado e chefiaram suas lutas de massas. Criaram a Primeira Internacional e mais tarde organizaram a Segunda Internacional, assim como os partidos socialdemocratas e sindicatos de vários países europeus. Educaram a classe operária e mostraram-lhe como se organizar e levar avante as lutas.
Durante o período da Segunda Internacional (o período anterior à Primeira Grande Guerra), os partidos socialdemocratas em vários países mantiveram um extenso trabalho de organização entre os operários, ampliaram consideravelmente o movimento de organização da classe operária e obtiveram grandes sucessos no campo da organização. Como aquele era o período de desenvolvimento “pacífico” do capitalismo e as organizações da classe operária haviam sido formadas nesse período de paz, a distinção entre o Partido e os sindicatos não estava ainda bem delineada.
Sobretudo depois da morte de Marx e Engels, a Segunda Internacional, chefiada por Kautsky e companhia, adotou uma linha inadmissível de conciliação com respeito ao oportunismo dentro do Partido, do que resultou o oportunismo corroer os vários partidos da Segunda Internacional. Por ocasião da era imperialista, a era da revolução proletária, esses partidos e sindicatos revelaram sua incapacidade de suportar as tarefas revolucionárias que o proletariado teria que enfrentar no novo período. Consequentemente, não podiam deixar de falir e se decompor no curso da Primeira Guerra Mundial.
A era de Lênin foi diferente da de Marx e Engels. Foi uma era imperialista, a era do capitalismo moribundo. Foi a era da Revolução Proletária. Esse período exigia que o proletariado edificasse um partido forte e militante, um partido que fosse completamente consolidado e unido em sua ideologia, sua política, sua organização e sua ação, e que. tivesse estreitos laços com as massas proletárias. Somente com o apoio de um tal partido seria possível levar avante com sucesso as lutas revolucionárias extremamente sérias. Portanto, além de restaurar e desenvolver as doutrinas de Marx e Engels em todos os seus aspectos, Lênin de maneira particular criou uma doutrina completa relativa ao estabelecimento dos partidos proletários revolucionários. O sistema de teorias concernentes à construção do nosso Partido era absolutamente inseparável da estratégia e tática de chefia da luta revolucionária do proletariado.
Quais eram as condições no período em que Lênin fundou o Partido revolucionário do proletariado?
Naquela ocasião, de um lado, a guerra imperialista aproximava-se e o proletariado tinha que enfrentar a tarefa urgente de derrubar a burguesia, apoderar-se do poder estatal e estabelecer a ditadura do proletariado. Por outro lado, os partidos socialdemocratas da Segunda Internacional, com suas amplas organizações, não estavam ainda conscientes da necessidade de derrubar a burguesia e estabelecer a ditadura do proletariado. Não queriam nem ousavam se preparar para uma ofensiva revolucionária do proletariado. Portanto, os partidos da Segunda Internacional estavam frouxamente organizados e fracionados, e não podiam- conduzir nenhuma luta séria. O resultado foi que não puderam em absoluto cumprir as exigências revolucionárias do proletariado na ocasião.
Os partidos socialdemocratas dos vários países nesse tempo não somente caíram teórica e politicamente no atoleiro do oportunismo direitista (por exemplo, sua teoria da colaboração entre o trabalho e o capital, sua teoria da transformação pacífica do capitalismo em socialismo, seu ponto de vista de que o proletariado podia tomar o poder por meio de lutas parlamentares, sem ter de passar por uma revolução, e por isso não havia necessidade de se criar uma estratégia e tática de revolução proletária, etc.), mas também eram totalmente oportunistas de direita na questão de organização do Partido. Os partidos da Segunda Internacional e os mencheviques na Rússia advogavam o liberalismo na organização do Partido. Defendiam o rebaixamento do partido proletário a uma organização operária comum, e mantinham o ponto de vista de que o Partido não necessitava de uma organização firme, de uma disciplina severa. Advogavam uma paz sem princípios dentro do Partido, toleravam a existência de facções ideológicas e orgânicas divergentes dentro do Partido, e assim por diante. Para os partidos da Segunda Internacional, unidade e disciplina, autocrítica e luta dentro do Partido, eram coisas inconcebíveis e absolutamente desnecessárias. Tais eram algumas das principais manifestações concretas do oportunismo de direita dos partidos da Segunda Internacional na questão de organização.
Naquela ocasião, havia também os economistas na Rússia e os sindicalistas na Europa (França, por exemplo), que afirmavam que a classe operária não necessitava de organização partidária, que se recusavam a organizar partidos da classe operária ou os subordinavam aos sindicatos, que advogavam “independência dos sindicatos” e que negavam a liderança do Partido nos sindicatos.
Nesse tempo, de um lado, as tarefas militantes da revolução proletária exigiam que houvesse um forte partido combatente para liderar as amplas massas e executar essas tarefas. Por outro lado, os partidos da Segunda Internacional com os seus milhões de membros de partido e de sindicatos viam-se absolutamente impotentes e incapazes de lutar. Além disso, seus atrasos de organização e sua lassidão tinham o apoio de toda espécie de pontos de vista oportunistas sobre organização. Essas eram as condições reais e importantes quando Lênin começou a construir o Partido Bolchevique.
Sob as condições mencionadas acima, a fim de formar um Partido capaz de liderar a revolução proletária, um Partido que fosse completamente unido em sua ideologia, política e organização, Lênin tinha que juntar todas as suas forças para fazer oposição ao oportunismo ideológico e político dos partidos da Segunda Internacional, sobretudo seu oportunismo quanto à questão da organização do Partido. Foi sobre a questão da organização do Partido — as condições de entrar para o Partido — que surgiram as primeiras diferenças entre o Partido Bolchevique de Lênin e os mencheviques.
A doutrina bolchevique de Lênin sobre a edificação do Partido forjou-se no curso da luta contra o oportunismo direitista relativo à organização nos partidos da Segunda Internacional, assim como durante a luta contra a teoria dos economistas e sindicalistas de que partidos políticos da classe operária eram desnecessários. Por esse motivo, a doutrina de Lênin de construção do Partido estava cheia de polêmicas contra os vários pontos de vista oportunistas sobre organização, contra o liberalismo e o espírito conciliatório, contra o rebaixamento do Partido proletário a uma organização operária comum, contra uma paz sem princípios dentro do Partido, contra organizações e atividades de facções dentro do Partido, e assim por diante. Lênin, na luta contra o oportunismo direitista na questão de organização, determinou claramente que o Partido é o destacamento avançado mais bem organizado e mais bem disciplinado, composto dos elementos mais conscientes, corajosos e progressistas do proletariado e é a forma mais alta de organização de classe do proletariado. Além do Partido, o proletariado tem outras organizações, tais como sindicatos, sociedades cooperativas, órgãos culturais e educativos, ou mesmo o governo, o exército, etc. No entanto, de todas essas organizações proletárias, o Partido é a forma mais elevada, capaz de dirigir politicamente todas as outras organizações.
Assim, Lênin traçou uma linha definida de demarcação entre o Partido e outras organizações da classe operária. Alem disso, estabeleceu que o princípio de organização do Partido deve ser o centralismo democrático, e que o Partido deve ter uma disciplina férrea e única. Estes princípios foram delineados por Lênin no curso da luta contra o oportunismo de direita dos partidos da Segunda Internacional na questão de organização. Constituem o principal conteúdo da doutrina da construção do Partido, de Lênin.
Foi principalmente na luta contra o oportunismo de direita, mais do que de “esquerda”, com relação à organização do Partido, que Lênin construiu o Partido. Essa era decididamente a situação antes da Revolução de Outubro. Nessa ocasião o oportunismo esquerdista com relação à organização do Partido ainda não tinha aparecido ou ainda não estava inteiramente desenvolvido num oportunismo sistemático. Isso explica por que a doutrina da construção do Partido, de Lênin, estava cheia de polêmicas contra o oportunismo direitista, isto é, contra o abandono da organização e disciplina estrita, contra a paz sem princípios dentro do Partido, contra a negação de lutas dentro do Partido e o medo à autocrítica, contra o liberalismo e o espírito conciliatório dentro do Partido, contra a teoria de independência dos sindicatos, etc. Essas polêmicas resultaram das condições reais existentes na época em que Lênin construiu o Partido.
Mas se notarmos as condições reais sob as quais o Partido Comunista da China foi formado, veremos que essas condições eram inteiramente diferentes das que Lênin enfrentou antes da Revolução de Outubro.
Em primeiro lugar, o Partido Chinês foi formado depois da Revolução de Outubro, quando os bolcheviques russos já estavam vitoriosos e nos estavam dando um exemplo vivo. Foi por isso que desde o começo o nosso Partido foi formado de acordo com os princípios de Lênin e sob a direção da Internacional Comunista.
Em segundo lugar, o Partido Chinês, desde a sua formação até o presente momento, nunca foi influenciado pela Segunda Internacional dos partidos socialdemocratas europeus, quer na sua ideologia, quer na sua organização.
Em terceiro lugar, a China, ao contrário da Europa, nunca testemunhou um período de desenvolvimento “pacifico” do capitalismo em que a classe operária tivesse permissão de participar de pacíficas lutas parlamentares. Nem a China tinha uma aristocracia operária como era o caso na Europa.
Em quarto lugar, os elementos da pequena burguesia e camponeses formavam uma considerável proporção do Partido Chinês que também incluía alguns desocupados.
Aí reside a base social do oportunismo de direita e de “esquerda” dentro do Partido Chinês.
Devido a essas quatro condições, temos seguido subjetivamente os princípios e diretrizes de Lênin desde o começo da formação do Partido Chinês. A maioria dos nossos membros podem recitar de memória os princípios de organização do Partido Bolchevique. Além disso, as tradições e convenções da socialdemocracia nunca existiram em nosso Partido. Assim podemos caminhar de maneira mais segura. Desde o início de nosso Partido tivemos autocrítica e lutas ideológicas, estabelecemos o sistema do centralismo democrático e mantivemos uma organização e disciplina estritas. Não toleramos a existência de facções e nos opusemos violentamente ao liberalismo, economismo e à independência dos sindicatos, etc. Portanto, teorias sistemáticas de oportunismo direitista sobre organização nunca foram abertamente advogadas em nosso Partido. Ideias de que não é necessário haver autocrítica, lutas internas de partido, organização e disciplina estritas, um partido político da classe operária ou que os sindicatos devem ser completamente independentes, nunca tiveram chance de se desenvolver abertamente em nosso Partido.
A luta ideológica em nosso Partido ainda é inadequada. Isso, porém, não é devido à existência, dentro do Partido, de qualquer teoria sistemática contra lutas internas no Partido. É mais devido à nossa incapacidade de descobrir divergências em assunto de princípio por causa de nosso baixo nível teórico ou devido ao fato de camaradas responsáveis haverem empregado isoladamente métodos especiais para suprimir a autocrítica.
Mas as circunstâncias e condições especiais que prevaleciam na ocasião em que nosso Partido Chinês foi fundado motivaram duas espécies de influência. Uma era favorável, capacitando-nos desde o começo a formar um partido de tipo leninista. Subjetivamente aderimos estritamente aos princípios formulados por Lênin. Desde o inicio nosso Partido tem mantido rigorosa autocrítica e a luta interna. Isso motivou o progresso rápido de nosso Partido e serviu como forca motriz para impulsioná-lo.
Mas a outra influência frequentemente levou nossos camaradas a outro extremo, a outra espécie de erro — o erro de levar muito longe a luta interna no Partido, de lutar com muita intensidade sem restrições de espécie alguma. Isso resultou num outro desvio, um desvio de “esquerda”…
Muitos camaradas tinham uma compreensão mecânica e errônea dos princípios de Lênin e os transformaram em dogmas absolutos. Acreditavam que a organização altamente centralizada negava a democracia interna, que a necessidade de luta interna no Partido negava a paz interna; que a liderança política do Partido — a mais alta forma de organização da classe do proletariado — em outras organizações de massa do proletariado negava a independência dos sindicatos e outras organizações dos operários e massas laboriosas, e que disciplina férrea unificada significava a obliteração da personalidade individual, iniciativa e poder criador dos membros do Partido…
Muitos camaradas gravaram na memória os princípios de Lênin como se fossem coisas mortas. Conquanto considerassem necessária a luta interna no Partido e considerassem o liberalismo e o espírito conciliatório como inúteis, ainda assim aplicavam esses princípios mecânica e dogmaticamente. Achavam que as lutas internas no Partido devem e têm que ser inflexivelmente efetuadas sem levar em conta o tempo, as circunstâncias e as consequências; e que quanto mais violentas essas , lutas, tanto melhor. Esses camaradas julgavam que quanto mais veemente e aguda a luta interna e a crítica, tanto melhor. Achavam que quanto mais intensas as controvérsias entre os membros do Partido, tanto melhor. Se não era esse o caso, então achavam que estavam sendo cometidos erros de liberalismo e de espírito conciliatório.
A fim de provar que eles próprios estavam livres de tendências conciliatórias ou liberais, que eram “100 por cento bolcheviques” prosseguiam nas lutas dentro do Partido, sem levar em conta as condições reais do tempo e lugar. Assim, essa gente tornou-se “briguenta” sem obedecer a qualquer princípio nas lutas internas no Partido, “especialistas em lutas” sem consideração por princípios, “peritos em barulho”.
Travavam luta só por lutar. Isso é lamentável nas fileiras do proletariado. E naturalmente não prova que eles fossem “100 por cento bolcheviques”. Ao contrário, só serve para provar que eles insultavam o bolchevismo e utilizavam o nome e a aparência de bolcheviques para praticar o oportunismo dentro do Partido.
Muitos camaradas não compreenderam que a nossa luta interna é uma luta de princípios, uma luta por esse ou aquele princípio, para definir o fito desta ou daquela luta, para escolher esse ou aquele método de luta que possa levar ao objetivo.
Esses camaradas não compreenderam que em questões de política corrente, em questões de caráter puramente prático podemos e devemos entrar em acordo com outros membros do Partido que discordam de nós. Não sabiam nem compreendiam que em questões envolvendo princípios, em questões que definem o objetivo de nossas lutas e de escolher os métodos de luta necessários para atingir tal objetivo, deviam lutar sem compromissos contra aqueles que no Partido têm opiniões divergentes; mas em questões de política corrente, em questões de caráter puramente prático, deviam chegar a um acordo com aqueles que dentro do Partido mantêm opiniões divergentes, ao invés de realizarem uma luta irreconciliável contra eles, desde que essas questões não envolvam qualquer diferença de princípios.
Este é precisamente o estilo tradicional de trabalho no Partido de Lênin e Stálin, que, no entanto, muitos dos nossos camaradas ainda não adquiriram. Levaram a efeito lutas irreconciliáveis sobre questões em que deveria haver um acordo. Como resultado, não havia uma só questão sobre a qual não tivessem disputas, não havia tempo algum em que não tivessem disputa, nem pessoa alguma com a qual não lutassem. Lutavam contra todos os que divergiam deles, impondo uma absoluta conformidade. Não faziam concessões sobre nada e não cediam em circunstância alguma. Consideravam tudo o que fosse contrário como antagônico e acreditavam que a oposição é tudo. Isso constituía o seu absolutismo.
Muitos camaradas não compreendiam o que é princípio, quais os problemas que envolvem princípio e quais são as linhas táticas e estratégicas do Partido. Nem sabiam como conduzir uma luta compreendendo onde estava o ponto de divergência entre princípios, planos estratégicos e linha tática. Seu nível teórico era ainda extremamente baixo, e limitada a sua experiência política. Ainda não estavam capacitados para compreender questões de grande importância e lutar em torno dessas questões. No entanto, tinham rigidamente na memória o fato de que deve haver luta interna no Partido, e que é errado não suscitar lutas e controvérsias dentro do Partido sobre questões importantes e levantar problemas que envolvam questões de princípio. Não obstante, eles continuavam querendo lutar. Como só tivessem à mão fenômenos e problemas individuais e como se entregassem a lutas e controvérsias insignificantes e sem princípios dentro do Partido contra aqueles que tinham pontos de vista diferentes, criavam entre os camaradas desunião, antagonismo e cisões na organização. Esses fenômenos nocivos existiam efetivamente em nossa luta interna no Partido.
O que acima dissemos é uma espécie de desvio nas lutas internas do Partido Comunista Chinês, desvio extremamente grave (se bem que tais desvios também existam nos Partidos de outros países). Isso constitui a luta interna no Partido efetuada com muita intensidade, sem nenhuma restrição, que leva a outro extremo — o do oportunismo de “esquerda” — na luta interna no Partido, e oportunismo de “esquerda” na questão de organização do Partido. (Nega a democracia dentro do Partido, nega a paz interna do Partido baseada na unidade em questões de principio, nega a relativa independência dos sindicatos e outras organizações de massa, nega a personalidade, a iniciativa, e o espírito criador dos membros do Partido). Esse desvio foi motivado pelo meio ambiente e condições especiais do Partido Comunista Chinês.
Aqui desejo mencionar o fato de muitos camaradas chineses não levarem em consideração os princípios leninistas de luta contra o oportunismo de “esquerda” depois da Revolução de Outubro. Após a Revolução de Outubro, uma facção de comunistas “esquerdistas” surgiu dentro do Partido russo. Esse grupo se opunha ao tratado de paz de Brest-Litovsk, e mais tarde houve uma disputa sobre a questão sindical. Antes da Revolução de Outubro havia um grupo de otzovistas dentro do Partido Bolchevique com aparência “esquerdista”, mas esse grupo foi logo derrotado e a situação não chegou a tornar-se tão séria como a causada pelo comunismo de “esquerdistas” por ocasião do tratado de paz de Brest-Litovsk, se bem que Lênin também tenha logo derrotado esse último.
Mas o comunismo de “esquerda” surgiu novamente nos países da Europa Oriental. Lançou a palavra de ordem de “nenhum compromisso” e se opôs à participação nos parlamentos. Opôs-se a todas as lutas legais e alianças necessárias com a ala esquerda dos partidos socialdemocratas. Foi nessas circunstâncias que Lênin escreveu, em abril de 1920, seu livro. “O Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo”, para corrigir tais tendências.
Após a vitória da Revolução de Outubro, aqueles que antes não acreditavam que o proletariado pudesse tomar o poder, defrontaram-se com esse fato vivo. Isto desferiu um golpe fatal no oportunismo de direita.
Foi nessas condições que nasceu o oportunismo de “esquerda”, que afirmava que a revolução não necessitava de seguir caminhos sinuosos e podia vencer da noite para o dia.
Tais sentimentos existiam também no Partido Chinês, e, em determinados períodos, foram os sentimentos dominantes. As pessoas que cometiam tais erros não levavam absolutamente em consideração a importância do livro de Lênin: “O Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo”. Politicamente eram contra quaisquer caminhos em zigue-zague e contra esperar. Afirmavam que uma minoria de vanguarda podia lançar uma ofensiva aventureira sem levar em conta o fato de que as amplas massas ainda não os haviam alcançado. Acusavam os que a isso se opunham de oportunistas de direita.
Em questões de organização, o oportunismo de direita e de “esquerda” é resultante de desvios de direita e de esquerda sobre questões políticas. Como o Partido Chinês tem cometido erros políticos de direita e de esquerda em determinados períodos, cometeu também esses erros em assunto de organização. Principalmente durante o período da Guerra Civil, nossos erros aventureiros de “esquerda” foram responsáveis pelas lutas excessivamente acaloradas dentro do Partido, em torno dos problemas de organização.
Consequentemente, existem 3 espécies de desvios — se é que podem ser classificados dessa maneira — na questão da luta interna no Partido Chinês. A primeira é o liberalismo e o espírito conciliatório dentro do Partido; a segunda é a luta interna no Partido, mecânica e excessiva, acompanhada de oportunismo de “esquerda” nas questões de organização e na luta interna no Partido; e a terceira são as discussões e as lutas sem princípios dentro do Partido.
Esses três tipos de desvio não diferem muito no que se refere ao seu conteúdo, porque essas lutas e disputas sem princípios, lutas excessivas e liberalismo dentro do Partido, não são marxistas-leninistas. Todas elas são manifestações de oposição ao marxismo-leninismo. São classificados nas três categorias acima apenas pelas suas formas exteriores.
Tais são as condições especiais sobre as quais o Partido Chinês foi fundado e os desvios que surgiram nas suas lutas internas.