O lutador-poeta Muhammad Ali conta por meio de seu poema a história ficcional das últimas palavras de um participante da Rebelião de Attica, durante entrevista no programa de Cathal O’Sannon, em 1972.
A Rebelião de Attica ocorreu no presídio de Attica, Nova Iorque em 9 de setembro de 1971, principalmente por conta de demandas dos presidiários relacionadas a melhores condições de vida e direitos políticos.
A prisão era composta majoritariamente por presidiários negros, durou quatro dias e foi duramente reprimida, terminando com a morte de 39 pessoas e se tornando a rebelião presidiária mais sangrenta da história dos Estados Unidos.
Filmagem retirada do RTE Television Archive. Tradução de Andrey Santiago.
Muito melhor – pelo que vejo –
Morrer lutando para ser livre
Que final mais adequado poderia sê-lo?
Melhor certamente do que em alguma cama
Para onde, com a saúde debilitada, sou levado
Sofrendo até eu estar mortificado
Melhor do que com orações e apelos
Ou nas garras de alguma doença
Enfraquecendo lentamente aos poucos
Melhor do que um ataque cardíaco
ou alguma dose do remédio que me falta
Deixe-me morrer por ser negro
Muito melhor eu ir
Permanecendo aqui contra o inimigo
É a morte mais doce que sei que vou conseguir
Melhor do que a mancha de sangue
em alguma rodovia onde estou deitado
Rasgado por vidro e painel quebrado
Melhor chamar a morte para vir
do que morrer outro idiota,
vítima muda na favela
Melhor do que esta podridão de prisão
se houver alguma escolha que eu tenho
Me mate aqui no local
Melhor para minha luta travar
Agora enquanto meu sangue ferve de raiva
Antes que esfrie com a idade
Melhor morrer violentamente
Do que tentar ao tio Tom
Fazer as pazes apenas para viver uma mentira
Melhor agora que eu digo minha calma
Eu vou morrer exigindo a verdade
Enquanto eu ainda sou jovem
Melhor agora do que no mais entardecer
Agora que o medo da morte se foi
Não importa outro amanhecer.
TraduAgindo 